São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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velho chico hoje

Viagem pela água revela faces do São Francisco

VARIADO Rio encontra diferentes paisagens ao passar por cinco Estados

DO ENVIADO ESPECIAL A MINAS GERAIS

Olhando do alto -ou navegando pelas suas águas-, o Velho Chico impressiona pelo tamanho e pela beleza. Suas curvas parecem não ter fim e, nas margens extensas, a vegetação seca cruza o sertão nordestino transmitindo uma mistura de poder e fragilidade. Ele, o São Francisco, é tudo e nada.
É tudo para as populações ribeirinhas que sobrevivem das suas águas e o tratam como um deus. E é nada para os responsáveis pela sua degradação.
Para o escritor Guimarães Rosa, a história do São Francisco -que atravessa Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco- é a história do sofrimento de um rio que, descoberto há mais de 500 anos, é fonte de vida e riqueza.
Em lugares como Juazeiro, na Bahia, crianças com vasto sorriso pulam acrobaticamente de barcos encalhados em suas águas. Já os pescadores lavam peixes frescos no meio do rio para não deixar odor nas margens, onde turistas se divertem.
Viajar pelas águas do rio faz com que seja possível entender a grandiosidade que compositores como Luiz Gonzaga atribuem ao Velho Chico em suas canções. Ele é grande -e os índios que habitavam a região da foz do São Francisco o chamavam de Opará, ou "rio-mar".
Mas o rio generoso também é cenário de sofrimento: andando de carro pelas estradas, no sertão, a pouca distância da margem, é comum ver animais morrendo de sede. Nessas áreas, a vegetação abundante é o mandacaru, cacto retorcido que sobrevive à seca.
Moradores caminham quilômetros de volta as suas casas com baldes cheios de água barrenta que, muitas vezes, retiraram do leito quase seco. E há as lavadeiras, cantando para passar o tempo num cenário que parece eterno, imutável.
Em cada Estado, os hábitos dos moradores são diferentes. Na Bahia, é comum observar pescadores tomando a água do rio. Ali, turistas aproveitam as pequenas praias formadas por bancos de areia.
Em lugares como no norte de Minas Gerais, crianças espantam o calor brincando nas margens, sem a mesma confiança na qualidade da água, que ali é mais poluída. E, no trecho mineiro, o Velho Chico se renova, com pedras e correnteza que formam cachoeiras. (FERNANDO DONASCI)


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