São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2006

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BALBÚRDIA Y TORTILHAS

Antigos iam à cidade, pois achavam que ela tinha sido construída por gigantes e era lar dos deuses

Teotihuacán atrai turista desde os astecas

Heloisa Lupinacci
Avenida de los Muertos vista a partir da pirâmide da Lua; a via corta toda a cidade antiga de Teotihuacán no sentido norte-sul


DA ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Muito antes de receber milhares de turistas, Teotihuacán, sítio arqueológico localizado a norte da Cidade do México, já recebia visitantes. O monumental conjunto de pirâmides, templos e outras construções, como palácios, altares e casas, era tido como uma cidade sagrada pelos astecas, que peregrinavam para lá.
Eles acreditavam que a cidade havia sido construída por gigantes e era lar de deuses.
Teotihuacán surgiu na era de Cristo e, em seu esplendor, chegou a ter 125 mil habitantes. O sítio é cortado, no sentido norte-sul, pela avenida de los Muertos, nome dado a essa via pelos astecas, que achavam que as construções que a cercam eram túmulos. A avenida tem, hoje, 2,5 km de extensão, mas estima-se que ela teria sido mais longa.
O melhor jeito de explorar Teotihuacán é chegar pela terceira entrada, que dá no conjunto do palácio Quetzalpapalotl. O prédio é um bom começo para o passeio, já que ali estão quase todos os murais a serem vistos. Dentro do palácio, eles retratam aves que parecem papagaios jorrando água pela boca. Do lado de fora, outro mural mostra um jaguar enfeitado com plumas tocando uma concha, recorrente em ornamentos por aqui. E está aí mais um enigma a ser decifrado: como os habitantes dessa cidade conheciam conchas se não há mar por perto? A teoria mais usada para explicar a aparição de elementos que não integram o ambiente local é que havia uma enorme rota de comércio entre povos dessa época e, daí, chegavam esses itens.
Ao sair do palácio, o visitante estará na praça da Lua, em cuja face norte está a pirâmide de mesmo nome. Ela é menor que a do Sol, que se impõe metros adiante. O importante é, no entanto, não se deixar levar pela euforia e sair correndo para a pirâmide maior. É melhor subir, primeiro, a pirâmide da Lua, pois dali se tem a melhor vista de toda a cidade. Isso porque esse edifício é voltado para a avenida. À esquerda fica, imponente, a pirâmide do Sol. E se avista, lá no longe, a Cidadela, onde fica o templo de Quetzalcoatl, a serpente emplumada.
Após se embasbacar com a visão geral do sítio, o próximo passo é descer as escadas e se preparar para a subida maior. A da pirâmide do Sol, a terceira maior do mundo, menor apenas que a de Cholula, cidade perto de Puebla, também no México, e a pirâmide de Queóps, no Egito.
A pirâmide egípcia e a do Sol têm a mesma área de base -lados de 225 metros-, mas aquela é mais alta, tem 144 metros; enquanto essa tem 65 metros.
A subida é cansativa, ainda por cima levando em conta que o ar é seco. Uma grande garrafa de água na mochila é fundamental para o restabelecimento do turista ao chegar ao topo.
Supõe-se que os habitantes de Teotihuacán tenham construído essa pirâmide por acreditar que ali era o ponto da origem do mundo e da vida.
Da pirâmide, a próxima parada é o excelente museu, que fica ali do lado. Além de ter um explicativo acervo de imagens retiradas dos prédios, tumbas de sacrifício e uma maquete de todo o sítio em uma sala, cuja parede de vidro dá vista para a pirâmide, o museu é um refrescante intervalo, com o ar-condicionado a todo o vapor. Sem falar na lanchonete, que, providencialmente, vende sorvetes.
De lá, a caminhada é longa, pela avenida de los Muertos, até chegar à Cidadela, outro extremo do sítio. Ali está mais um ponto alto desse passeio. O templo de Quetzalcoatl, erguido no ano 200, havia sido tampado por outra pirâmide -é comum prédios serem sobrepostos a outros.
Parte da estrutura que cobria esse templo foi retirada e revelou uma escadaria adornada com a cabeça da serpente emplumada.
Para o passeio não ser muito cansativo é melhor chegar cedo (ele abre às 7h) ou no fim da tarde, às 16h -para uma visita corrida, pois o sítio é fechado às 18h. Entre 11h e 14h ele fica lotado. O movimento atrai vendedores de tudo que desafiam a paciência do turista. A entrada custa 45 pesos (R$ 9). Informações: www.inah.gob.mx/zoar/htme/za00914.html.
(HELOISA LUPINACCI)


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