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ANÁLISE ARTE PÚBLICA NA PAULICEIA
SP tem, pelas ruas, obras dignas do Louvre
Para autor dos painéis da estação Sumaré do metrô de São Paulo, a população precisa dar valor ao que é seu
ALEX FLEMMING
ESPECIAL PARA A FOLHA
Para mim, como artista
plástico, São Paulo tem muitos monumentos, mas precisa cuidar melhor deles. Os
três mais importantes são de
Victor Brecheret (1894 -1955).
São eles: o "Monumento
às Bandeiras" (um dos maiores e mais belos conjuntos escultóricos do século 20 no
mundo), a estátua de Caxias
(a maior estátua equestre do
mundo, tendo inclusive uma
pequena sala na barriga do
cavalo) e o escondido e extremamente belo "Pan", que fica no parque Trianon.
Brecheret faz exatamente
o que eu considero que grandes artistas devem fazer:
obras bem diferentes entre si
e até em materiais diferentes
(o "Empurra-Empurra" e o
"Pan" são em pedra lavrada;
o Caxias é em metal fundido).
Outro grande artista (embora não tão reconhecido, e
até menosprezado pelos "intelligentsia nacional" -aos
quais eu chamaria melhor de
"burritcia tupiniquim") foi
Júlio Guerra (1912 - 2001), autor de duas das estátuas mais
emblemáticas da Pauliceia: o
"Borba Gato", na avenida
Santo Amaro, e a "Mãe Preta", no largo Paissandu.
Aliás, sobre esta última há
o fenômeno de devoção e interação veramente popular,
ao verificarmos que no Dia
das Mães pessoas depositam
montanhas de flores e acendem velas ao seu redor.
Porém, há muita arte pública destruída, e que necessitaria de restauração: é o caso das estátuas em homenagem às óperas de Carlos Gomes, no vale do Anhangabaú, bem como a linda estátua em granito de uma índia
chamada Guanabara, cujo
nariz foi partido a marteladas, por vândalos, também
no Anhangabaú.
A população precisa de
mais informações sobre arte,
história e seu próprio país,
para dar valor ao que, afinal,
é seu. O poder público deveria intervir nisso.
A maior concentração de
obras de arte públicas está
nos cemitérios, onde antigamente grandes artistas faziam túmulos para as famílias abastadas (infelizmente,
uma prática que se perdeu).
O mais importante é o cemitério São Paulo, na rua
Cardeal Arcoverde, onde a
instalação "O Pão", de Galileo Emendabile, poderia estar no MoMA em Nova York.
Para elogiar uma cidade
brasileira com arte pública
que não seja São Paulo, vou
citar Ribeirão Preto, onde, na
praça em frente ao Pinguim e
ao Teatro Dom Pedro 2º, há o
deslumbrante "Monumento
ao Soldado Constitucionalista", também de Galileo
Emendabile. Nele, um soldado paulista com as duas pernas abertas e um dos braços
estendidos se prepara para
lançar uma granada de mão.
MoMA? Este monumento poderia estar até no Louvre!
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