São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

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Comportamento do imperador no exterior foi alvo de sátiras e críticas

DA REPORTAGEM LOCAL

As menções sobre a ida de d. Pedro 2º à Irlanda, em 1877, publicadas no "Irish Times", não destoam dos registros de outras viagens por estudiosos. Neles, há o homem curioso, o turista incansável e o imperador em busca da vida simples.
A primeira viagem data de 1871, quando foi à Europa e ao Oriente Médio, deixando a princesa Isabel, de 24 anos, como regente pela primeira vez. Ao chegar a Lisboa, fixa o tom, recusando mesuras e passando dez dias num lazareto por conta de epidemias. Não deixou, porém, de receber ali o rei e a rainha de Portugal.
Esse comportamento suscitou alfinetadas de Eça de Queiroz, que, em "As Farpas" (1872), ironizou a alternância das personas Pedro de Alcântara e d. Pedro 2º. Para o autor, que o chama de "Pedro da mala" -segundo "As Barbas do Imperador", de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras)-, ao viajar, ele pedia para ser Pedro de Alcântara. Mas, se "horários (...) ou familiaridade de cidadãos o pretendiam tratar como Pedro de Alcântara, passava a mostrar que era Pedro 2º".
Já o artista luso Rafael Bordalo Pinheiro lançou a brochura "Apontamentos sobre a Picaresca Viagem do Imperador do Rasilb", que teve trechos reproduzidos no livro de Schwarcz, na qual o imperador viaja visitando instituições e despejando "papagaiadas".
D. Pedro 2º fez mais duas viagens. Foi ao Canadá e à Europa em 1876 e 1877, na mesma viagem em que visitou a Irlanda; e saiu do Brasil novamente em 1887. Com a Proclamação da República (1888), a família real foi banida do país. Morreu Pedro de Alcântara, doente e sem dinheiro, no hotel Bedford, em Paris, em 1891. (MDV)


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