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caldeirão do sul
Mesa e cultura gaúchas mesclam influência de povos
TRADIÇÃO Para professor de história, italianos e alemães aceitaram o chimarrão; e rio-grandenses, os pratos alemães
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Alemães, italianos, portugueses, poloneses. A cultura do
Rio Grande do Sul -do chimarrão à cuca, do lenço vermelho
amarrado ao pescoço e bombacha ao cultivo do vinho- pode
ser considerada uma mistura
de tradições e hábitos herdados
de diversos povos.
Para o professor de história
da PUC-RS René Gertz, a cultura gaúcha e as tradições dos colonos são coisas diferentes, mas
que se fundiram ao longo do
tempo. "Os italianos e os alemães aceitaram nosso chimarrão, que é original daqui, e nós
comemos pratos alemães como
se fossem nossos", afirma.
Um dos campos em que as
origens distintas mais sobressaem é o da comida: joelho de
porco, lombo e chucrute chegaram com os colonos alemães.
Da Itália, vieram massas, pães e
a uva. Legitimamente gaúchos
são o churrasco -preparado
com sal grosso- e o chimarrão.
Festas
As festas tradicionais, que
buscam preservar certos traços
do passado, também não são
totalmente puras. "A própria
Oktoberfest tem lá uma banda
tocando músicas tradicionais
da Alemanha, mas, se você andar pela festa, vai encontrar outras manifestações. Vai ter até
pagode", diz Gertz.
Segundo o professor, a idéia
de que a Oktoberfest no Brasil é
uma festa genuinamente alemã
é uma estratégia de marketing
da organização do evento. "A
festa é alemã por fora. Lá dentro, percebe-se que a cultura
gaúcha é uma mistura. Tem de
tudo", conta.
Para o secretário-executivo
do Movimento Tradicionalista
Gaúcho do Rio Grande do Sul,
Hélio Ferreira, os imigrantes
tiveram grande influência sobre a culinária e a música do Estado. "O italiano trouxe a gaita.
Antes dele nós só tínhamos o
violão e a viola. Além disso, no
dia-a-dia, na nossa maneira de
ser, somos frutos dessa influência", diz Ferreira.
Leis
O movimento pela preservação das tradições é tão forte no
Rio Grande do Sul, que o Estado conta com várias leis nesse
sentido. "Nós temos a lei que
instituiu nossos símbolos. Nós
temos a erva-mate, que é nossa
árvore-símbolo. Temos o quero-quero, como pássaro-símbolo. O cavalo foi também recentemente considerado por
lei o símbolo do gaúcho", afirma Ferreira.
Há também a lei da indumentária -que determina como oficial o traje gaúcho, com
bombachas, botas, chapéu e
lenço, permitido em qualquer
lugar, mesmo onde é obrigatório o uso de gravata- e a lei que
transforma o churrasco em
prato típico do Estado, com direito até a um dia comemorativo para a comilança: 24 de abril
é o dia oficial do churrasco e do
chimarrão.
(ESTÊVÃO BERTONI)
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