São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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caldeirão do sul

Mesa e cultura gaúchas mesclam influência de povos

TRADIÇÃO Para professor de história, italianos e alemães aceitaram o chimarrão; e rio-grandenses, os pratos alemães

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alemães, italianos, portugueses, poloneses. A cultura do Rio Grande do Sul -do chimarrão à cuca, do lenço vermelho amarrado ao pescoço e bombacha ao cultivo do vinho- pode ser considerada uma mistura de tradições e hábitos herdados de diversos povos.
Para o professor de história da PUC-RS René Gertz, a cultura gaúcha e as tradições dos colonos são coisas diferentes, mas que se fundiram ao longo do tempo. "Os italianos e os alemães aceitaram nosso chimarrão, que é original daqui, e nós comemos pratos alemães como se fossem nossos", afirma.
Um dos campos em que as origens distintas mais sobressaem é o da comida: joelho de porco, lombo e chucrute chegaram com os colonos alemães. Da Itália, vieram massas, pães e a uva. Legitimamente gaúchos são o churrasco -preparado com sal grosso- e o chimarrão.

Festas
As festas tradicionais, que buscam preservar certos traços do passado, também não são totalmente puras. "A própria Oktoberfest tem lá uma banda tocando músicas tradicionais da Alemanha, mas, se você andar pela festa, vai encontrar outras manifestações. Vai ter até pagode", diz Gertz.
Segundo o professor, a idéia de que a Oktoberfest no Brasil é uma festa genuinamente alemã é uma estratégia de marketing da organização do evento. "A festa é alemã por fora. Lá dentro, percebe-se que a cultura gaúcha é uma mistura. Tem de tudo", conta.
Para o secretário-executivo do Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul, Hélio Ferreira, os imigrantes tiveram grande influência sobre a culinária e a música do Estado. "O italiano trouxe a gaita. Antes dele nós só tínhamos o violão e a viola. Além disso, no dia-a-dia, na nossa maneira de ser, somos frutos dessa influência", diz Ferreira.

Leis
O movimento pela preservação das tradições é tão forte no Rio Grande do Sul, que o Estado conta com várias leis nesse sentido. "Nós temos a lei que instituiu nossos símbolos. Nós temos a erva-mate, que é nossa árvore-símbolo. Temos o quero-quero, como pássaro-símbolo. O cavalo foi também recentemente considerado por lei o símbolo do gaúcho", afirma Ferreira.
Há também a lei da indumentária -que determina como oficial o traje gaúcho, com bombachas, botas, chapéu e lenço, permitido em qualquer lugar, mesmo onde é obrigatório o uso de gravata- e a lei que transforma o churrasco em prato típico do Estado, com direito até a um dia comemorativo para a comilança: 24 de abril é o dia oficial do churrasco e do chimarrão. (ESTÊVÃO BERTONI)


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