São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Espécies de plantas e bichos são apresentadas através da utilidade

DA ENVIADA ESPECIAL À AMAZÔNIA

A trilha pela mata serve para apresentar aos turistas a grande farmácia que é a selva amazônica. O barato é ser introduzido à flora, e isso acontece de forma divertida quando cada árvore, cipó ou espinho é apresentado segundo suas funções.
A primeira parada é no lacre, árvore que solta uma seiva alaranjada usada para curar queimaduras e machucados.
Um pouco adiante, o guia aponta uma palmeira aparentemente inofensiva -como as cerca de 120 espécies de palmeiras que crescem na região. Ao virar as folhas, surgem espinhos pretos. E lá vem a explicação: eles eram usados como munição de zarabatana, depois de besuntados de curare -veneno feito de ervas.
Diante de pedaço de tronco caído, o condutor do passeio pára, saca um facão e se atira a tirar lascas da madeira. Todos colocam o pedaço sob o nariz e de lá não mais o tiram. É pau-rosa, da qual é extraída a substância que está na fórmula de perfumes como o Chanel nº 5.
Um cipó ora mais grosso, ora mais fino é o tema da próxima explanação. Esse é o cipó-d'água. É como um bebedouro para sobreviventes na selva. Basta cortar um pedaço -um trecho de 1 m guarda, em média, 500 ml de água- para matar a sede.
De quando em quando, vêem-se casas de cupins. Segundo o condutor do passeio, o cupim é uma praga. Não há mais predador, e eles infestam a floresta. Mas como tudo ali tem seu uso, vamos logo aprender que a casa do cupim -desabitada- é bom adubo.
Outra árvore, a carapanauba, deve seu nome aos mosquitos. Mosquitinho, na Amazônia, chama-se carapaná. A carapanauba tem esse nome porque cura doenças causadas pelos carapanás: febre amarela, malária e dengue. O condutor do passeio tira lascas da árvore e convida todos a mastigá-las. O sabor -de água tônica- entrega a fama: dali é retirado o quinino, usado para tratar malária.
A flora e a fauna seguem supreendendo: a sapopema era usada pelos índios para comunicar aos outros sua localização. Basta bater com um pedaço de pau nela, e o barulho produzido equivale a sinais de fumaça. A formiga tapiba era usada para tirar o cheiro de suor do corpo. Esmague uma porção das ditas cujas sobre a pele para que um leve perfume disfarce o cheiro do suor. (HL)


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