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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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Moradores de Veneza ficaram célebres pela capacidade de lutar, comerciar e produzir arte

Venezianos criam comidas e cristais

DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO

Desde que Paoluccio Anafesto, o primeiro doge, foi eleito, em 697 d.C., os habitantes de Veneza edificaram magicamente sua cidade sobre ilhotas da região da Laguna.
Assim, enquanto foi uma república, a "Sereníssima", Veneza brigou com os genoveses nos séculos 13 e 14, com milaneses e turcos no século 15 e, lutando para manter a hegemonia do comércio com o Oriente, acabou invadida por Napoleão e dominada por franceses e austríacos -sendo integrada à Itália só em 1866.
O turbilhão histórico forjou monumentos, casas aristocráticas, igrejas e palácios, seja no entorno da piazza San Marco, seja no Grande Canal, de 3.800 m.
Mas o maior patrimônio de Veneza é justamente sua gente e sua capacidade de lutar, de comerciar e de fazer coisas artísticas.
Nos anos 50, Giuseppe Cipriani, misto de barman, restauranteur e hoteleiro, criou o drinque bellini, o carpaccio e o hotel que, na ilha da Giudecca, leva seu nome.
Hoje, na ilha de Murano, vestindo trajes esgarçados e comandando uma fábrica que não recebe visitas, o mestre vidreiro Gianni Seguso, 56, assopra cristais desde os 11 anos de idade -ele começou a trabalhar com o pai, integrante da décima geração de uma família (www.seguso.it) que se dedica a um ofício típico veneziano desde 1340. "Não fazemos pírex", diz Seguso, enquanto comanda 20 artesãos, como o gravador Michele Molin, que dão forma e cor a cristais que derretem a 1.400C no forno antes de serem trabalhados.
Outro artista notável do vidro, Vittorio Costantini tem sua lojinha na calle del Fumo, 5.311, na Fondamente Nuove, não longe da ponte do Rialto e próximo da estação de onde se embarca para a ilha de Murano. Enquanto Seguso faz peças enormes, Costantini faz bichinhos, insetos e flores em miniatura (mas não desses vulgares que se vêem em toda parte).
No capítulo boa mesa, simples e arrebatador, o pequeno Da Pinto (tel. local 041-5224599), fundado em 1890 e hoje dirigido pelo simpático Giovanni Locorotondo, oferece especialidades bem venezianas, como spaghetti alla pescatora e o baccalá mantecato -pasta de bacalhau e manteiga que se come com pão ou polenta. Para chegar lá, basta atravessar a ponte do Rialto e ir ao campo San Polo (o Da Pinto fica numa pracinha atrás do mercado de peixe, na Ralto Pescheria, 367).
Na área do Ghetto, frequentada por gondoleiros, a Trattoria da Giggio (tel. local 041-717574), no campo de San Leonardo, 1.594, serve um canapé de peixe-espada defumado e um spaghetti al nero di sepia -com tinta da lula-, que, à moda local, pode ser acompanhado de um vinho branco e perfumado Müller Turgal. (SC)


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