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Moradores de Veneza ficaram célebres pela capacidade de lutar, comerciar e produzir arte
Venezianos criam comidas e cristais
DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO
Desde que Paoluccio Anafesto,
o primeiro doge, foi eleito, em 697
d.C., os habitantes de Veneza edificaram magicamente sua cidade
sobre ilhotas da região da Laguna.
Assim, enquanto foi uma república, a "Sereníssima", Veneza
brigou com os genoveses nos séculos 13 e 14, com milaneses e turcos no século 15 e, lutando para
manter a hegemonia do comércio
com o Oriente, acabou invadida
por Napoleão e dominada por
franceses e austríacos -sendo integrada à Itália só em 1866.
O turbilhão histórico forjou
monumentos, casas aristocráticas, igrejas e palácios, seja no entorno da piazza San Marco, seja
no Grande Canal, de 3.800 m.
Mas o maior patrimônio de Veneza é justamente sua gente e sua
capacidade de lutar, de comerciar
e de fazer coisas artísticas.
Nos anos 50, Giuseppe Cipriani,
misto de barman, restauranteur e
hoteleiro, criou o drinque bellini,
o carpaccio e o hotel que, na ilha
da Giudecca, leva seu nome.
Hoje, na ilha de Murano, vestindo trajes esgarçados e comandando uma fábrica que não recebe visitas, o mestre vidreiro Gianni Seguso, 56, assopra cristais desde os
11 anos de idade -ele começou a
trabalhar com o pai, integrante da
décima geração de uma família
(www.seguso.it) que se dedica a
um ofício típico veneziano desde
1340. "Não fazemos pírex", diz Seguso, enquanto comanda 20 artesãos, como o gravador Michele
Molin, que dão forma e cor a cristais que derretem a 1.400C no
forno antes de serem trabalhados.
Outro artista notável do vidro,
Vittorio Costantini tem sua lojinha na calle del Fumo, 5.311, na
Fondamente Nuove, não longe da
ponte do Rialto e próximo da estação de onde se embarca para a
ilha de Murano. Enquanto Seguso
faz peças enormes, Costantini faz
bichinhos, insetos e flores em miniatura (mas não desses vulgares
que se vêem em toda parte).
No capítulo boa mesa, simples e
arrebatador, o pequeno Da Pinto
(tel. local 041-5224599), fundado
em 1890 e hoje dirigido pelo simpático Giovanni Locorotondo,
oferece especialidades bem venezianas, como spaghetti alla pescatora e o baccalá mantecato -pasta de bacalhau e manteiga que se
come com pão ou polenta. Para
chegar lá, basta atravessar a ponte
do Rialto e ir ao campo San Polo
(o Da Pinto fica numa pracinha
atrás do mercado de peixe, na
Ralto Pescheria, 367).
Na área do Ghetto, frequentada
por gondoleiros, a Trattoria da
Giggio (tel. local 041-717574), no
campo de San Leonardo, 1.594,
serve um canapé de peixe-espada
defumado e um spaghetti al nero
di sepia -com tinta da lula-,
que, à moda local, pode ser acompanhado de um vinho branco e
perfumado Müller Turgal.
(SC)
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