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Arqueólogos tentam recompor local que deu origem às competições realizadas a cada 4 anos
Olímpia se apruma para jogos de 2004
DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO
Olímpia, onde surgiram os Jogos Olímpicos em 776 d.C., está
sendo remontada por arqueólogos. Os navios atracam em Katakolon singrando o azul do mar
Jônico até a costa norte ocidental
do Peloponeso e, depois, até lá, o
esporte é percorrer, num ruidoso
ônibus, por uma hora, a planície
onde brotam oliveiras.
A razão do resgate tem nome:
os Jogos Olímpicos voltam a Atenas, cidade-sede da 28ª edição do
evento na Idade Moderna, de 13
a 29 de agosto de 2004. Assim, estudiosos casam as pedras que, na
primeira Olimpíada, constituíam templos dóricos dedicados a deuses como Zeus e Hera.
De fato, o local foi reencontrado em 1766 e mapeado pelo alemão Ernst Curtius no século 19.
Na Antiguidade, o escultor Fídias teve lá seu ateliê -e é provável que Pausânias tenha visto lá a
escultura de Zeus, de 12 m, uma
das maravilhas do mundo de então. Zeus, na mitologia, punia os
homens -e virou figura de proa
da dignidade olímpica.
Exceto pela presença da deusa
Ceres, cuja mitologia se liga à colheita, só gregos livres podiam
adentrar o local dos jogos. Depois de cerimônias de juramento, que incluíam sacrifícios de
animais, 20 atletas se enfrentavam em cinco dias de competições. Nus, corriam a cavalo, faziam provas de corrida e de pugilato e eram coroados com ramos
de oliveiras. O rito tinha dois dias
dedicados ao atletismo; o terceiro, de lua cheia, era de lutas; no
quarto, ocorriam provas equestres; e, no quinto, um banquete.
Pelas colunas remanescentes e
pelo estádio, de 112 m por 92 m,
dá para imaginar o complexo. O
quebra-cabeça que restou depois
que a região foi inundada pelo
rio Alfio e destruída por cristãos
e por terremotos é notável.
Na Olimpíada reinventada por
Coubertin, em 1896, Olímpia resgatou seu valor simbólico, acendendo a pira que cruza o mundo
até a sede dos jogos -e que, para
a alegria dos atletas, viaja, em
2004, só até Atenas.
(SILVIO CIOFFI)
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