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DO PÉ AO PÓ
Jardim da fazenda Monte Alegre, símbolo de poder de barão, ostenta obras de engenheiro feitas em aço
Esculturas ocupam terreno de café em Paty do Alferes
Juliana Doretto/Folha Imagem
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Peças do dono Gabriel Fonseca se espalham pelo Parque de Esculturas Lucia Miguel Pereira |
JULIANA DORETTO
ENVIADA ESPECIAL AO INTERIOR FLUMINENSE
Após um dia de trabalho, você
chega a sua casa e abre a porta,
que data do final do século 18. Para alcançar o quarto, sobe por
uma escadaria que foi pisada por
um barão. O engenheiro Gabriel
Fonseca, 67, é o felizardo que enfrenta essa simpática rotina.
Em 1976 Fonseca comprou a fazenda Monte Alegre, em Paty do
Alferes (município a 119 km do
Rio de Janeiro), quase em ruínas.
Após seis anos de reforma, a casa
ficou pronta, e, morando na propriedade com a família há dez
anos, o engenheiro agora abre as
portas centenárias de sua propriedade aos turistas.
As visitas são feitas apenas com
agendamento e não incluem refeições nem hospedagem. Circulam-se pela fachada neoclássica
(original, com portas e janelas intercaladas no térreo e ostensivas
sacadas no segundo andar), pela
capela (que antes era ligada à casa
por um corredor) e pelas salas de
jantar (com parte da mesa ainda
da era do barão) e de estar (mobiliada com peças de época).
Na saída, o visitante pula do refinamento do ciclo do café à contemporaneidade da arte cinética.
Fonseca também é escultor e espalhou suas obras, de grandes dimensões, pelos jardins que fazem
fundo ao casarão -o que ele batizou de Parque de Esculturas Lucia
Miguel Pereira (em homenagem a
sua mãe, que foi também crítica
literária).
"Hoje eu me aposentei como
engenheiro, mas, quando eu costumava passar dias em uma obra,
fazia esculturas como um hobby,
depois do expediente", conta.
Suas obras de aço pintado
transpiram a matemática da engenharia: grandes círculos, pássaros, cubos e veleiros se movimentam à revelia de seu criador, guiados pelo vento.
Do café à hospedaria
A sede da Monte Alegre, com
800 mil metros quadrados de
área, foi símbolo do poder do barão de Paty, Francisco Peixoto de
Lacerda Werneck, detentor de sete fazendas produtoras de café.
Em 1920, com a crise da superprodução cafeeira vindo a galope
há duas décadas, os aposentos da
família Werneck se tornaram os
quartos do Parque Hotel Monte
Alegre, que deve ter funcionado
durante toda a década -não se
sabe ao certo a data de seu fechamento. O que se sabe é que a fazenda ficou por anos abandonada, até que o engenheiro Fonseca
resolveu fazer dela o lar de suas
esculturas, que, agora, virou destino do interior fluminense.
Juliana Doretto viajou a convite do Sebrae-RJ
Fazenda Monte Alegre - r. Beira
Rio, 7, tel.: 0/xx/24/2484-4269. Visitas: R$ 15 por pessoa (para um mínimo de dez participantes)
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