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Reatores e energia nuclear são tema de passeio exótico
Repórter visitou usinas que estão sendo desmanteladas ao redor de Paris e viu equipamento capaz de detectar explosão nuclear
DO ENVIADO A PARIS
Tira touca, coloca touca;
troca de sapato, coloca avental; troca de calça, de camiseta, até de meia. Tudo branco.
Foi vestido assim que o velho
repórter fez um "turismo" especialmente exótico: uma visita na França a locais ligados à energia nuclear, alguns
só acessíveis a convidados.
Mas mesmo esse passeio
fora do comum pode incluir
beleza. É o caso do efeito
Chrenkov, uma bonita luminosidade azul típica de reatores nucleares, e particularmente visível no caso dos
reatores de pesquisa de piscina, como o Osiris, em Saclay,
a 19 km de Paris.
A 30 km de Paris, em Bruyères-le-Châtel, a Comissão
de Energia Atômica (CEA)
francesa tem equipamentos
capazes de detectar explosões nucleares. Há também
um laboratório capaz de detectar quantidades minúsculas de material radiativo que
tem sido utilizado pela Agência Internacional de Energia
Atômica para realizar testes
com material recolhido em
suas inspeções.
Dois locais próximos na região do rio Ródano têm especial significado para a história das armas nucleares. Em
Marcoule e Pierrelatte ficam
as instalações onde foi produzido o material físsil da
primeira e da última arma
nuclear francesa. Os dois locais estão sendo aos poucos
desmantelados e são os primeiros e únicos do gênero a
serem visitados.
A usina de enriquecimento de Pierrelatte começou a
enriquecer urânio em 1964 e
parou de fazê-lo em 1996. Este ano ela deverá terminar de
ser desmantelada.
Já os reatores nucleares
em Marcoule -G1, G2, G3-
só vão terminar de ser desmantelados em 2035, pois é
preciso esperar a redução
dos níveis de radiação e a
construção de um local para
estocar o lixo nuclear.
Um reator desses é um cilindro de 34 metros de comprimento e 20 metros de diâmetro externo, com paredes
de concreto de três metros.
O mesmo local inclui uma
usina para reprocessar o
combustível dos reatores, a
UP1, que terminou sua operação em 1997. Até hoje a limpeza do sítio já reduziu 95%
da sua radiatividade.
Sem dúvida, foi uma viagem exótica e inesquecível.
(RICARDO BONALUME NETO)
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