São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Reatores e energia nuclear são tema de passeio exótico

Repórter visitou usinas que estão sendo desmanteladas ao redor de Paris e viu equipamento capaz de detectar explosão nuclear

DO ENVIADO A PARIS

Tira touca, coloca touca; troca de sapato, coloca avental; troca de calça, de camiseta, até de meia. Tudo branco. Foi vestido assim que o velho repórter fez um "turismo" especialmente exótico: uma visita na França a locais ligados à energia nuclear, alguns só acessíveis a convidados.
Mas mesmo esse passeio fora do comum pode incluir beleza. É o caso do efeito Chrenkov, uma bonita luminosidade azul típica de reatores nucleares, e particularmente visível no caso dos reatores de pesquisa de piscina, como o Osiris, em Saclay, a 19 km de Paris.
A 30 km de Paris, em Bruyères-le-Châtel, a Comissão de Energia Atômica (CEA) francesa tem equipamentos capazes de detectar explosões nucleares. Há também um laboratório capaz de detectar quantidades minúsculas de material radiativo que tem sido utilizado pela Agência Internacional de Energia Atômica para realizar testes com material recolhido em suas inspeções.
Dois locais próximos na região do rio Ródano têm especial significado para a história das armas nucleares. Em Marcoule e Pierrelatte ficam as instalações onde foi produzido o material físsil da primeira e da última arma nuclear francesa. Os dois locais estão sendo aos poucos desmantelados e são os primeiros e únicos do gênero a serem visitados.
A usina de enriquecimento de Pierrelatte começou a enriquecer urânio em 1964 e parou de fazê-lo em 1996. Este ano ela deverá terminar de ser desmantelada.
Já os reatores nucleares em Marcoule -G1, G2, G3- só vão terminar de ser desmantelados em 2035, pois é preciso esperar a redução dos níveis de radiação e a construção de um local para estocar o lixo nuclear.
Um reator desses é um cilindro de 34 metros de comprimento e 20 metros de diâmetro externo, com paredes de concreto de três metros.
O mesmo local inclui uma usina para reprocessar o combustível dos reatores, a UP1, que terminou sua operação em 1997. Até hoje a limpeza do sítio já reduziu 95% da sua radiatividade.
Sem dúvida, foi uma viagem exótica e inesquecível.
(RICARDO BONALUME NETO)


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