São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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viajantes

Pioneiras se encantaram com beleza

DA REPORTAGEM LOCAL

As impressões causadas pelo Rio em viajantes pioneiras já anunciavam a fama que a cidade teria depois entre os turistas. "A entrada [do porto], a meu ver, é a mais bonita que há no mundo", registrou a britânica Elizabeth Macquarie, em 1809. O relato faz parte de "Mulheres Viajantes no Brasil (1764-1820)" (ed. José Olympio, 98 págs.), com textos de Jemima Kindersley, que visitou Salvador em 1764, e Rose Frecynet, que passou pelo Rio em 1817 e em 1820, além das impressões de Macquarie. Leia trechos da entrevista que Jean Marcel Carvalho França, professor de história da Unesp e organizador do livro, concedeu à Folha. (MARINA DELLA VALLE)

 

FOLHA - Como foi a seleção dos relatos?
JEAN MARCEL DE CARVALHO FRANÇA
- Não havia muito o que selecionar, pois, entre os século 16 e início do 19, são pouquíssimos os relatos de viagem conhecidos escritos por mulheres. No tocante ao Brasil colonial, traduzi para o livro todos os relatos que consegui encontrar, ou seja, somente três. Há a narrativa de Isabelle Odonais, que andou perdida pelas margens do Amazonas em 1769. Mas ela não conheceu nenhuma cidade, e o relato saiu da pena de seu marido. Sobre a renomada Maria Graham, sua narrativa, além de incidir sobre um período em que a presença de estrangeiros se tornara corriqueira (1821-1825), é fruto de uma longa permanência aqui.

FOLHA - Que paralelos o sr. encontrou entre relatos masculinos e femininos?
FRANÇA
- Traduzi e publiquei cerca de uma centena de relatos sobre o Brasil colonial e posso asseverar que os escritos que Kindersley, Macquarie e Freycinet deixaram, malgrado a distância temporal e outras particularidades que os separam, não divergem muito entre si e não divergem em nada dos padrões, temas e tratamento dos temas encontrados nos relatos escritos por visitantes do sexo masculino.

FOLHA - O sr. também publicou as coletâneas "Visões do Rio de Janeiro Colonial" e "Outras Visões do Rio de Janeiro Colonial". Quais pontos se destacam nos relatos sobre o Rio?
FRANÇA
- Creio que não seria de todo precipitado dizer que o eixo central de todos os relatos sobre o Rio que traduzi se encontra numa oposição simples, que ainda hoje é familiar a brasileiros e europeus: a contraposição entre a exuberância e a prodigalidade da terra e o caráter vicioso e corrompido dos seus habitantes.


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