|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BONS VELHINHOS
Segredo da longevidade do bar Luiz, 121, é o chope
Inaugurado como "Zum Schlauch", um dos lugares mais tradicionais do Rio prima pela bebida bem tirada
DA ENVIADA ESPECIAL
Números e mais números! O
bar Luiz é um festival deles. São
121 anos de vida - 81 no endereço atual-, mais de 150 fregueses por dia e 239 itens no
cardápio, entre pratos e bebidas. Mas a marca mais reluzente, e que faz com que o endereço siga obrigatório há tanto
tempo na cidade, é um número
bem mais modesto e decisivo:
os regimentais três dedos de
colarinho no chope (R$ 4).
E já que a maioria dos bares
cariocas ainda não obedece a
etiqueta dessa bebida, vale relevar o atendimento um tanto
desatento, que pode fazer com
que seu copo permaneça vazio
mais tempo do que o razoável
entre um chope e outro.
Nessas horas, funcionários
como Lunício, 44, fazem a diferença. Basta um olhar ao garçom com 22 anos de casa para
fazer com que outro copo
-cheio- se materialize em
questão de segundos na mesa
septuagenária (sim, são as mesmas mesas, nos mesmos lugares, há mais de 70 anos).
O que não tem muito como
amenizar é a televisão ligada na
novela das oito no sábado à noite. Mas vale tentar. Estrategicamente, sente-se de costas para
a entrada -onde, no alto, virada para o salão, fica a TV.
Mas não desanime! Vale a visita. Aberto inicialmente na rua
da Assembléia, o lugar parece já
ter nascido predestinado a ter o
chope como carro-chefe.
Prova disso é o nome com o
qual foi inaugurado, em 1887.
Um ano antes de começar a comercializar a bebida, o bar Luiz
nasceu "Zum Schlauch" -termo que fazia uma alusão à serpentina por onde passa o chope
antes de chegar às torneiras.
De lá para cá, foram três endereços -os dois primeiros na
rua da Assembléia - e quatro
nomes -depois de "Zum
Schlauch", foram as vezes de
"Zum Alten Jacob" e "bar
Adolph". A última mudança
aconteceu durante a Segunda
Guerra (1939 - 1945), quando
um grupo de estudantes do colégio Pedro 2º invadiu o bar por
associar seu nome a Adolf Hitler. Foi quando o dono, Ludwig Vöit, naturalizou-se brasileiro, mudou o nome para Luiz
e rebatizou o lugar.
Também nessa época foi definido o perfil do cardápio que
se mantém até hoje. A mulher
de Ludwig, Ana, levou as receitas alemãs à cozinha. "Isso foi
nos anos 30 e até hoje o preparo
da salada de batata é o mesmo",
conta o gerente do bar Luiz,
Paulo César Domingos, 43. Algum segredo? "Sim, a maionese
é feita aqui. Mas o segredo dela
a gente não conta", brinca.
Para experimentá-la -junto
a outras vedetes da casa-, peça
o "alemão completo" (R$
37,50). O cardápio indica que
ele serve uma pessoa. Mas se a
fome não for tanta, a união
kassler, chucrute, salada de batata e salsichas dá tranqüilamente para duas pessoas.
Para quem preferir ir direto
aos pratos, o bacalhau em posta
(R$ 73), que também dá para
dois, é um dos mais pedidos.
O bar Luiz tem ainda um
quiosque, com o mesmo cardápio, em frente ao Copacabana
Palace.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
BAR LUIZ
Rua da Carioca, 39, centro; funciona
de segunda a sábado, das 11h às
23h30; tel.: 0/xx/21/2262-6900
www.barluiz.com.br
Texto Anterior: Bons velhinhos: Cavé chega aos 148 anos graças a doce português Próximo Texto: Bons velhinhos: Aos 105, Albamar conquista com pescados Índice
|