São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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BONS VELHINHOS

Segredo da longevidade do bar Luiz, 121, é o chope

Inaugurado como "Zum Schlauch", um dos lugares mais tradicionais do Rio prima pela bebida bem tirada

DA ENVIADA ESPECIAL

Números e mais números! O bar Luiz é um festival deles. São 121 anos de vida - 81 no endereço atual-, mais de 150 fregueses por dia e 239 itens no cardápio, entre pratos e bebidas. Mas a marca mais reluzente, e que faz com que o endereço siga obrigatório há tanto tempo na cidade, é um número bem mais modesto e decisivo: os regimentais três dedos de colarinho no chope (R$ 4).
E já que a maioria dos bares cariocas ainda não obedece a etiqueta dessa bebida, vale relevar o atendimento um tanto desatento, que pode fazer com que seu copo permaneça vazio mais tempo do que o razoável entre um chope e outro.
Nessas horas, funcionários como Lunício, 44, fazem a diferença. Basta um olhar ao garçom com 22 anos de casa para fazer com que outro copo -cheio- se materialize em questão de segundos na mesa septuagenária (sim, são as mesmas mesas, nos mesmos lugares, há mais de 70 anos).
O que não tem muito como amenizar é a televisão ligada na novela das oito no sábado à noite. Mas vale tentar. Estrategicamente, sente-se de costas para a entrada -onde, no alto, virada para o salão, fica a TV. Mas não desanime! Vale a visita. Aberto inicialmente na rua da Assembléia, o lugar parece já ter nascido predestinado a ter o chope como carro-chefe.
Prova disso é o nome com o qual foi inaugurado, em 1887.
Um ano antes de começar a comercializar a bebida, o bar Luiz nasceu "Zum Schlauch" -termo que fazia uma alusão à serpentina por onde passa o chope antes de chegar às torneiras.
De lá para cá, foram três endereços -os dois primeiros na rua da Assembléia - e quatro nomes -depois de "Zum Schlauch", foram as vezes de "Zum Alten Jacob" e "bar Adolph". A última mudança aconteceu durante a Segunda Guerra (1939 - 1945), quando um grupo de estudantes do colégio Pedro 2º invadiu o bar por associar seu nome a Adolf Hitler. Foi quando o dono, Ludwig Vöit, naturalizou-se brasileiro, mudou o nome para Luiz e rebatizou o lugar. Também nessa época foi definido o perfil do cardápio que se mantém até hoje. A mulher de Ludwig, Ana, levou as receitas alemãs à cozinha. "Isso foi nos anos 30 e até hoje o preparo da salada de batata é o mesmo", conta o gerente do bar Luiz, Paulo César Domingos, 43. Algum segredo? "Sim, a maionese é feita aqui. Mas o segredo dela a gente não conta", brinca.
Para experimentá-la -junto a outras vedetes da casa-, peça o "alemão completo" (R$ 37,50). O cardápio indica que ele serve uma pessoa. Mas se a fome não for tanta, a união kassler, chucrute, salada de batata e salsichas dá tranqüilamente para duas pessoas. Para quem preferir ir direto aos pratos, o bacalhau em posta (R$ 73), que também dá para dois, é um dos mais pedidos.
O bar Luiz tem ainda um quiosque, com o mesmo cardápio, em frente ao Copacabana Palace. (PRISCILA PASTRE-ROSSI)

BAR LUIZ
Rua da Carioca, 39, centro; funciona de segunda a sábado, das 11h às 23h30; tel.: 0/xx/21/2262-6900
www.barluiz.com.br



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