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TERRA DE PINGÜIM
Clube Alpino Paulista mantém parceria com o Proantar e desde a 1ª expedição oferece apoio logístico
Veteranos, alpinistas dão segurança aos cientistas
MARGARETE MAGALHÃES
DA REDAÇÃO
O herói irlandês Ernest Shackleton e a tripulação náufraga do
Endurance adorariam ter alpinistas como companheiros. Esses
profissionais são "anjos da guarda" da estação brasileira Comandante Ferraz na Antártida e veteranos desse continente gelado.
Há 20 anos, os alpinistas do
CAP (Clube Alpino Paulista) dão
apoio logístico à base e garantem
a segurança dos brasileiros que
estão lá, graças a um convênio
com o Proantar (Programa Antártico Brasileiro).
A história entre o CAP e o
Proantar remonta ao início do
programa -que foi criado em
1982. O clube ofereceu ajuda para
a Marinha e enviou dois alpinistas
em 1983, na primeira expedição
brasileira às terras do pólo Sul,
quando o navio que os levava ainda era o Barão de Teffé -desativado em 2002. Neste ano, 12 alpinistas estão escalados para ir ao
continente antártico.
A explicação para essa parceria
vem de Silvio Martins, do Clube
Alpino Paulista. "Gostamos de
gelo e de montanha alta. Por isso,
pensamos: "Como eles vão se virar
no gelo?'", conta Martins, que embarca em fevereiro para a estação
brasileira, onde esteve em 1986
pela primeira vez.
As técnicas do alpinismo, segundo Martins, são fundamentais
para dar assistência durante o
trânsito no gelo e zelar pela segurança dos pesquisadores. Um
cientista só sai para fazer pesquisa
de campo se o alpinista for junto.
Ele estará com barraca, saco de
dormir e equipamento de comunicação para eventuais problemas. "Vamos para garantir a segurança dessas pessoas", explica.
A presença dos alpinistas nos
acampamentos e na estação brasileira é uma marca verde-amarela quase exclusiva: "É uma regra
nossa, brasileira, da qual nos orgulhamos. Por causa da presença
deles, não tivemos nenhum evento mais sério", confirma o capitão-de-mar-e-guerra José Eduardo Martins Pinto Villanova.
Embora estações de outros países utilizem esses profissionais,
não existe a mesma sistematização que a da Comandante Ferraz,
que funciona como uma pequena
cidade, podendo abrigar até 45
pessoas.
As operações do Proantar normalmente começam em novembro e terminam em março, embora haja cientistas que fiquem na
Antártida durante o ano todo.
Navio
O Ary Rongel, navio de apoio
oceanográfico da Marinha brasileira, leva cerca de 20 dias para
chegar à Antártida e fica lá durante o verão. Ao longo do ano, são
realizados sete vôos de apoio. O
percurso é longo. O avião sai do
Rio de Janeiro, pára em Pelotas
(RS), segue para Punta Arenas
(Chile), rumo à ilha Rei George,
arquipélago das Shetland do Sul,
na Antártida, aterrissando na base chilena, a única que tem pista
de pouso para o Hercules C-30. Só
então embarca-se no navio que leva à estação brasileira.
Manter tudo funcionando em
bom estado é custoso. De acordo
com o capitão-de-mar-e-guerra
Villanova, só a manutenção anual
do Ary Rongel toma R$ 2,5 milhões, comprometendo 83% do
orçamento do Proantar, que é de
R$ 3 milhões. Com isso, a Marinha contribui com parte do seu
próprio orçamento para manter o
navio brasileiro.
"Estamos passando por um período de revitalização e reconstrução da estação, que já completou
22 anos."
Diferentemente de outras estações que faturam com a venda de
suvenires para cruzeiristas, a Comandante Ferraz não recebe turistas. Mais informações sobre a
estação brasileira na Antártida
podem ser obtidas no site http://tucupi.cptec.inpe.br/antartica.
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