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"Bobotie" está sumindo dos cardápios
DA ENVIADA ESPECIAL
O "bobotie" é o leopardo
entre os "big five" da mesa
sul-africana. É o mais difícil de ser encontrado.
Um morador da cidade
indica o restaurante Bismillah. O prato não está no
cardápio. A garçonete explica: não havia muitos pedidos. "Paramos de fazer."
À noite, um taxista indica o Marco's Africa Place.
Ao chegar, procuro um
garçom e pergunto se há
"bobotie". Não há, mas
pergunte ao chef. O chef,
Marco Radebe, dispara:
"Não fazemos mais".
E diz que pode prepará-lo depois de amanhã. Mas
amanhã eu vou embora.
E diz para eu ir ao Bismillah. Mas eu fui hoje,
eles não fazem mais. "Então senta aí que eu te trago
um "bobotie'", cede.
Demora. Marco vai para
a cozinha, volta, olha torto,
vai, volta e diz: "Não tem
passas". Sem problemas,
faça sem passas.
Enfim, vem à mesa uma
tigela comprida com uma
crosta de ovo no topo.
E Marco se dispõe a conversar. Explica que tirou o
prato do menu pelo mesmo motivo que o Bismillah. Diz que é um prato
que estraga de um dia para
o outro e que ficou com pecha de comida de pobre.
Mas pratos típicos são
em geral os de origem simples, de aproveitamento
de sobras, vide a paella,
versão catalogada do famoso limpa-geladeira, ou
a feijoada, que usa até quase a unha do porco.
Marco revida: dois pratos com essa origem têm o
status de típicos, o "oxtail", a nossa rabada, e as
"tripes", bucho bovino.
O chef Christiaan
Campbell concorda e discorda. "Depende da apresentação do prato. Quem
pensaria que água engarrafada faria sucesso?"
Afinal
Para o "bobotie" mistura-se carne de boi ou de
carneiro picada com migalhas de pão branco fresco e
cravo, noz moscada, canela, cardamomo, açafrão e
curry. A mescla é colocada
em uma tigela. Sobre ela,
vão ovos batidos temperados com açafrão. Então,
vai tudo para o forno. O
prato, à moda tradicional,
parece saído da cozinha de
uma avó temperada.
(HL)
MARCO'S AFRICAN PLACE -
15 Rose Lane, Bo-Kaap; diariamente, das 12h às 23h.
Tel.: 00/xx/27/21/423-5412
www.marcosafricanplace.co.za
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