São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007

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ÁFRICA DO SUL

Acepipe bôer desperta lado caubói do comensal

Carne curada e lingüiça seca surgiram na "Great Trek", a marcha dos holandeses rumo ao interior do país

DA ENVIADA ESPECIAL

Migrando para as influências holandesas da mesa sul-africana, estar diante de uma porção de "billtong" e "droëwors" é algo que conclama a porção caubói do comensal.
Os dois são originários do período chamado de "Great Trek", a marcha dos descendentes de holandeses, os bôeres, para as regiões leste e nordeste da África do Sul por conta do domínio britânico na costa.
A "droëwors" é a versão seca da "boerewor", lingüiça feita com uma mistura de carnes bovina e suína, temperada com cominho, cravo e coentro.
Os bôeres colocavam a carne e a lingüiça para secar, com o intuito de conservá-las por mais tempo durante a marcha. No caso da "boerewor", o resultado é um bastão, duro e de aparência pouco apetitosa, que, nessa versão seca, passa a chamar "droëwor".
O "billtong" é uma carne seca fatiada geralmente feita de cortes bovinos, mas pode ser também de kudu -tipo de antílope- ou de avestruz. Segundo o chef Christiaan Campbell, o "billtong" era feito, originalmente, de sobras das carnes usadas para o "braai", versão sul-africana do churrasco. "Os bôeres pegavam as sobras, fatiavam, salgavam, temperavam e as penduravam para secar."
Ambos dispensam o uso de talheres, devem ser comidos com a mão. E são muito bem acompanhados de cerveja -no país, fique com a Windhoek, amarga e parruda. Brinde os bons, os maus e os feios.
O "billtong" tem as bordas secas e o interior macio, é bem avermelhado e saboroso e parece um presunto cru do faroeste.
A "droëwors" é mais desafiadora. No começo, ela parece ser muito dura. Mas basta vencer a inibição de abandonar o garfo, apanhá-la com a mão e dar-lhe uma bela mordida para descobrir que a casca dura esconde um interior macio e saboroso.
(HELOISA LUPINACCI)


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