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Civilização "escondeu-se" dos espanhóis; caminho de trem a partir de Cuzco ajuda a desvendar santuário
112 km anunciam vestígio de Machu Picchu
Folha Imagem
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As pedras eram recortadas de forma irregular estrategicamente para que as construções resistissem aos abalos sísmicos. A base do alicerce era o barro, impermeabilizado com extrato de cáctus |
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
A civilização inca se rendeu aos
conquistadores espanhóis, mas
não sem antes lhes pregar uma
grande peça: Machu Picchu. Durante quatro séculos, o complexo
permaneceu escondido. Os espanhóis, que dominaram toda a costa do Pacífico e vasculharam a
cordilheira em busca de ouro,
nunca souberam do santuário
ecológico.
A "falha" dos conquistadores
espanhóis só veio à tona em 1911,
quando o complexo de Machu
Picchu foi descoberto pelo historiador americano Hiran Bingham. O tesouro escondido pelos
incas recebeu de Bingham a denominação de "a cidade perdida".
O segredo sobre Machu Picchu
não foi surpresa apenas para os
forasteiros. Hoje, sabe-se que até
os habitantes comuns desconheciam da existência do complexo,
construído para abrigar a classe
dominante do império da civilização. Além dos governantes, somente alguns nobres, sacerdotes,
e certas mulheres escolhidas tinham acesso ao local, que acabou
se transformando em um imenso
santuário.
O ponto de partida para conhecer Machu Picchu fica em Cuzco.
É possível fazer o trajeto a pé, desde que se tenha tempo e disposição para caminhar durante três
ou quatro dias. A outra opção é
seguir de trem. A passagem custa
US$ 88 (ida e volta), em um trem
moderno e confortável com serviço de bordo e guia, ou US$ 53 em
um trem mais modesto. O salgado preço é compensado.
Durante os 112 quilômetros percorridos, incrementados pela paisagem da cordilheira e pelo curso
do rio Urubamba, o viajante consegue observar vários vestígios da
civilização, como canalizações e
observatórios feitos entre os séculos 8º e 15.
De quebra, a rota garante a visualização dos dois maiores picos
nevados da cordilheira; o Verônica, que tem 5.850 m, e o Salkantay,
que atinge a altura de 6.271 m.
Chegando na estação final de
Machu Picchu, é preciso pegar
um microônibus e percorrer mais
8 km. A passagem custa US$ 9.
Máquina fotográfica e uma garrafa de água são os únicos objetos
indispensáveis para as três horas
de caminhada dentro do sítio.
Uma das coisas que mais impressionam é a descoberta de que
os enormes blocos de pedras das
construções, que pesam até 40 toneladas, não são originários do local. Numa época em que teoricamente não se conhecia ainda a roda, as pedras eram extraídas de
montanhas próximas e levadas
até o alto de Machu Picchu.
Como? Eis apenas um dos vários mistérios sobre a civilização
inca. É proibido entrar no complexo carregando bolsas e sacolas.
A maioria dos visitantes sempre
fica tentada a garantir uma pedrinha de recordação -imagine o
que seria do sítio arqueológico visitado por cerca de mil pessoas
diariamente. O ingresso para a visita custa US$ 20. Estudantes pagam meia-entrada.
(FABIO MARRA)
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