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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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Civilização "escondeu-se" dos espanhóis; caminho de trem a partir de Cuzco ajuda a desvendar santuário

112 km anunciam vestígio de Machu Picchu

Folha Imagem
As pedras eram recortadas de forma irregular estrategicamente para que as construções resistissem aos abalos sísmicos. A base do alicerce era o barro, impermeabilizado com extrato de cáctus


DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU

A civilização inca se rendeu aos conquistadores espanhóis, mas não sem antes lhes pregar uma grande peça: Machu Picchu. Durante quatro séculos, o complexo permaneceu escondido. Os espanhóis, que dominaram toda a costa do Pacífico e vasculharam a cordilheira em busca de ouro, nunca souberam do santuário ecológico.
A "falha" dos conquistadores espanhóis só veio à tona em 1911, quando o complexo de Machu Picchu foi descoberto pelo historiador americano Hiran Bingham. O tesouro escondido pelos incas recebeu de Bingham a denominação de "a cidade perdida".
O segredo sobre Machu Picchu não foi surpresa apenas para os forasteiros. Hoje, sabe-se que até os habitantes comuns desconheciam da existência do complexo, construído para abrigar a classe dominante do império da civilização. Além dos governantes, somente alguns nobres, sacerdotes, e certas mulheres escolhidas tinham acesso ao local, que acabou se transformando em um imenso santuário.
O ponto de partida para conhecer Machu Picchu fica em Cuzco. É possível fazer o trajeto a pé, desde que se tenha tempo e disposição para caminhar durante três ou quatro dias. A outra opção é seguir de trem. A passagem custa US$ 88 (ida e volta), em um trem moderno e confortável com serviço de bordo e guia, ou US$ 53 em um trem mais modesto. O salgado preço é compensado.
Durante os 112 quilômetros percorridos, incrementados pela paisagem da cordilheira e pelo curso do rio Urubamba, o viajante consegue observar vários vestígios da civilização, como canalizações e observatórios feitos entre os séculos 8º e 15.
De quebra, a rota garante a visualização dos dois maiores picos nevados da cordilheira; o Verônica, que tem 5.850 m, e o Salkantay, que atinge a altura de 6.271 m.
Chegando na estação final de Machu Picchu, é preciso pegar um microônibus e percorrer mais 8 km. A passagem custa US$ 9.
Máquina fotográfica e uma garrafa de água são os únicos objetos indispensáveis para as três horas de caminhada dentro do sítio.
Uma das coisas que mais impressionam é a descoberta de que os enormes blocos de pedras das construções, que pesam até 40 toneladas, não são originários do local. Numa época em que teoricamente não se conhecia ainda a roda, as pedras eram extraídas de montanhas próximas e levadas até o alto de Machu Picchu.
Como? Eis apenas um dos vários mistérios sobre a civilização inca. É proibido entrar no complexo carregando bolsas e sacolas.
A maioria dos visitantes sempre fica tentada a garantir uma pedrinha de recordação -imagine o que seria do sítio arqueológico visitado por cerca de mil pessoas diariamente. O ingresso para a visita custa US$ 20. Estudantes pagam meia-entrada.
(FABIO MARRA)


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