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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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Povos que antecederam incas desenvolveram técnicas de irrigação; presença humana data de 7.500 a.C.

Templos traduzem habilidade de andinos

DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU

Antes dos incas, outros povos se aventuraram pela região dos Andes. A peregrinação começou muito antes de Cristo. Os primeiros homens vieram da Ásia, via estreito de Bering, no período glaciário. Restos de animais esquartejados encontrados nas Américas datam de 9.000 a.C., podendo chegar a até 30 mil a.C.
No Peru, algumas cavernas exploradas nas regiões montanhosas do país revelaram vestígios da presença humana em 7.500 a.C.

Pioneiros
Historiadores consideram que as primeiras civilizações nos Andes surgiram após a Era Cristã, com os mochicas e os nascas.
Os dois povos desenvolveram organizações sociais nas montanhas. Exemplo disso são os registros de canalizações feitas entre 100 d.C. e 800 d.C.
Usando a água do degelo que escorria da montanha, os mochicas e os nascas irrigavam plantações de milho e de coca. Eles construíram estradas que permaneceram ativas até o período inca. As lhamas eram o principal meio de transporte. Já naquela época, a infra-estrutura era desenvolvida através da cobrança de impostos.
Sem uma explicação cientificamente comprovada, o fato é que as duas civilizações desapareceram. Para alguns historiadores, a causa estaria relacionada ao fenômeno El Niño. As inundações teriam reduzido a pesca e destruído plantações, obrigando o deslocamento das comunidades. Para onde? Ninguém sabe.

Sucessores
Enquanto mochicas e nascas abandonavam a região, outras duas civilizações surgiam nos Andes. Entre os anos 500 e 1000, os tiwanalu e os wari construíram novas cidades de pedras e criaram uma espécie de correios, um sistema de comunicação via mensageiros por toda a cordilheira.
Eles dominavam o plantio de algodão e já sabiam da utilidade dele para a fabricação de roupas. Para o desaparecimento das civilizações dos tiwanalu e dos wari, os historiadores apontam como hipótese mais provável um período de seca, que poderia ter inviabilizado a agricultura e acabado com todo estoque necessário de água para consumo.

Concorrência
Quando os incas chegaram aos Andes, entre 1000 d.C. e 1470 d.C., se depararam com os chimús, também recém-chegados. Como os incas, eles queriam ter o domínio da região oeste da América do Sul. Em princípio, se apresentavam mais organizados: mantinham um sistema de irrigação eficiente e contavam com hábeis artesãos. Mas não foi suficiente. Os incas se impuseram com o plantio na região central da cordilheira.
Acuados territorialmente, os chimús acabaram surpreendidos pelo Exército inca, que dominou um importante centro e interrompeu o sistema de água. A cidade foi saqueada, e os incas convenceram os principais artesãos a trocar de lado. Práticas chimús foram absorvidas na cultura inca.

Conquista
Por volta de 1550, uma guerra civil pela disputa do poder fragilizou o império inca. Coincidentemente, os espanhóis estavam chegando à região. Bastou ao conquistador espanhol Pizarro liquidar um grupo que almejava o império em uma batalha, em 1553, para que fosse elevado à condição de "enviado dos deuses" pelo grupo opositor. Com status de "salvador", Pizarro cumpriu com facilidade a missão de dominar a região. Sem cerimônia, ordenou o saqueamento de diversas cidades. Felizmente, restaram templos e monumentos que traduzem a habilidade dos incas. (FABIO MARRA)


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