|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sólidas regras garantiram a superação das dificuldades; obras de arquitetura servem de exemplo até hoje
Engenharia tem um quê da técnica inca
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Pele morena, baixa estatura, cabelos lisos e escuros. Extremamente inteligentes. Essa é a mais
precisa característica na definição
do perfil do povo de origem inca.
Durante 700 anos (século 8º ao século 15), os incas dominaram a região oeste da América do Sul,
compreendida hoje por Equador,
Peru, norte do Chile, oeste da Bolívia e noroeste da Argentina.
A tarefa não foi fácil. Coube a
eles reorganizar um emaranhado
de sistemas abortados na região
por outros povos, que, como os
incas, também desapareceram.
Rígidos e perfeitos, os incas tinham como lema o trabalho comunitário, o que lhes permitiu,
apesar dos diversos níveis de altitude da cordilheira dos Andes,
desenvolver técnicas agrícolas
que garantiam colheita suficiente
para o sustento de todo o império.
A engenharia moderna ainda se
espelha no traçado das estradas
que cortavam as regiões íngremes
e montanhosas, fazendo a interligação com as regiões litorâneas e
com o deserto costeiro.
Também arquitetos invejáveis e
extremamente habilidosos no
aproveitamento de cerâmica, algodão e metais, os incas fizeram
do império um santuário arqueológico que reluzia ouro e prata. Os
metais preciosos não tinham
qualquer valor comercial para
eles. Eram usados apenas como
adornos de esculturas ou em cultos de adoração ao Sol. Os incas se
autodenominavam filhos do Sol.
Na contramão do que tenderia a
ser uma das maiores expectativas
sobre esse povo, nenhum sistema
de escrita foi desenvolvido. Por
essa razão é que ainda existem
tantos mistérios sobre a história
dessa civilização.
Arquitetura
O maior desafio dos incas foi superar as dificuldades do solo rochoso e erguer construções de
grande porte em uma região
montanhosa, constantemente
abalada por terremotos. A maioria das edificações resiste até hoje.
Milhares de pessoas, especializadas na remoção, no corte e no
transporte de blocos de pedras,
que poderiam pesar até 40 toneladas, foram envolvidas nas construções das cidades. As técnicas
consistiam em sobrepor pedras,
geometricamente cortadas e encaixadas, para dar sustentação às
edificações. Além delas, obras de
irrigação, pontes e estradas atestam o alto grau de conhecimento
técnico desse povo.
Educação
O ensino era prioridade entre os
incas. Havia escolas espalhadas
em várias cidades. A religião ocupava o topo da lista curricular.
Todos eram ensinados a amar e a
respeitar os deuses. Aprendiam
técnicas de agricultura e estudavam astronomia e história. Era
comum nas unidades de ensino a
prática exaustiva de exercícios físicos e de autodefesa.
Severos, os incas consideravam
"aceitáveis" eventuais mortes
causadas pelo excesso de esforço
durante os exercícios ou pelo confronto entre equipes esportivas.
Casamento
Meninos de 20 anos de um lado,
meninas de 16 do outro. Um funcionário anunciava o casal. Estava
selado o casamento. Previamente,
os homens indicavam a mulher,
ou melhor, a moça que queriam
para casar. Caso uma menina fosse escolhida por dois homens, o
funcionário "de paz" intervinha.
Logo após a cerimônia, o casal era
presenteado com um lote de terra
da comunidade. De tempos em
tempos, meninas de dez anos
eram mandadas para Cuzco, capital do império, para aprender a
cozinhar, tecer e organizar um lar.
Religião
O deus supremo dos incas era o
Sol. Mas eles adoravam também a
Lua, o fogo, a terra e a água. O
chefe religioso era chamado de
"cabeça sagrada" e vivia rodeado
de sacerdotes. Como parte do ritual religioso, os incas sacrificavam crianças, oferecidas como
símbolo de pureza e luz. A lhama
era presenteada aos deuses como
animal sagrado, porque proporcionava transporte e alimentação.
(FABIO MARRA)
Texto Anterior: Templos traduzem habilidade de andinos Próximo Texto: Vendedor faz escolta cerrada em mercado Índice
|