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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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FORNO À LENHA

No interior paulista, artesanato chama turistas em busca de peças produzidas a partir de técnica japonesa

Forasteiros e cerâmica moldaram Cunha

HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A CUNHA (SP)

"Sinta-se em casa". A frase, talvez uma das mais repetidas por anfitriões mundo afora, é rigorosamente obedecida por dezenas de forasteiros em Cunha (222 km a leste de SP, na serra do Mar), que desfizeram as malas ali mesmo e mudaram o rumo da cidade.
Em 1975, um grupo formado por um casal de portugueses, por um de japoneses e por dois irmãos de São Paulo adotou Cunha como lar. Os amigos começaram a fazer cerâmica ali. Hoje, os ceramistas -chegaram outros, com outras técnicas- são o principal atrativo turístico local.
Quando a produção termina de ser queimada nos fornos de alta temperatura, os ceramistas abrem as câmaras com a presença do público, que aprende como funciona esse processo. Invariavelmente, o visitante sai com peças "quentinhas" debaixo do braço (leia abaixo). As aberturas de fornos acontecem em média uma vez por mês. A próxima será no dia 25 deste mês, no ateliê Suenaga e Jardineiro, às 10h.
Com o passar dos anos, mais forasteiros escolheram Cunha para morar. Resultado: quem passa uns dias lá encontra pousadas, restaurantes e ateliês de gente de fora que incorporou o jeito da vida no interior -sempre com dicas de passeios para dar e causos para contar.
Não só quem gosta de conversar encontrará o que fazer na aparente pequena cidade -na verdade, um dos maiores municípios do Estado de São Paulo (1.440 km2). De lá, pode-se ir a Parati (RJ), a pouco mais de 40 km dali. Na estrada que liga as cidades, há um trecho de 10 km de terra que faz parte do "caminho do ouro", rota que ligava Parati a Ouro Preto (MG) nos tempos dos mineiros.
Para espantar o calor durante o dia, há dezenas de cachoeiras, a maioria delas em fazendas particulares que permitem a visitação gratuita. À noite, é hora de espantar o frio, à beira das lareiras.
Na cidade, tudo é muito bucólico. A praça, a igreja, a doceria. No Mercado Municipal, vendem-se panelas de ferro por R$ 15. Encontram-se bolsas, chapéus, cintos e botas. As verduras são lavadas em uma torneira de 1886, instalada em um prédio de 1913.


Heloisa Lupinacci viajou a convite da Cunhatur e da pousada Cheiro da Terra


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