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FORNO À LENHA
No interior paulista, artesanato chama turistas em busca de peças produzidas a partir de técnica japonesa
Forasteiros e cerâmica moldaram Cunha
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A CUNHA (SP)
"Sinta-se em casa". A frase, talvez uma das mais repetidas por
anfitriões mundo afora, é rigorosamente obedecida por dezenas
de forasteiros em Cunha (222 km
a leste de SP, na serra do Mar),
que desfizeram as malas ali mesmo e mudaram o rumo da cidade.
Em 1975, um grupo formado
por um casal de portugueses, por
um de japoneses e por dois irmãos de São Paulo adotou Cunha
como lar. Os amigos começaram
a fazer cerâmica ali. Hoje, os ceramistas -chegaram outros, com
outras técnicas- são o principal
atrativo turístico local.
Quando a produção termina de
ser queimada nos fornos de alta
temperatura, os ceramistas
abrem as câmaras com a presença
do público, que aprende como
funciona esse processo. Invariavelmente, o visitante sai com peças "quentinhas" debaixo do braço (leia abaixo). As aberturas de
fornos acontecem em média uma
vez por mês. A próxima será no
dia 25 deste mês, no ateliê Suenaga e Jardineiro, às 10h.
Com o passar dos anos, mais forasteiros escolheram Cunha para
morar. Resultado: quem passa
uns dias lá encontra pousadas,
restaurantes e ateliês de gente de
fora que incorporou o jeito da vida no interior -sempre com dicas de passeios para dar e causos
para contar.
Não só quem gosta de conversar
encontrará o que fazer na aparente pequena cidade -na verdade,
um dos maiores municípios do
Estado de São Paulo (1.440 km2).
De lá, pode-se ir a Parati (RJ), a
pouco mais de 40 km dali. Na estrada que liga as cidades, há um
trecho de 10 km de terra que faz
parte do "caminho do ouro", rota
que ligava Parati a Ouro Preto
(MG) nos tempos dos mineiros.
Para espantar o calor durante o
dia, há dezenas de cachoeiras, a
maioria delas em fazendas particulares que permitem a visitação
gratuita. À noite, é hora de espantar o frio, à beira das lareiras.
Na cidade, tudo é muito bucólico. A praça, a igreja, a doceria. No
Mercado Municipal, vendem-se
panelas de ferro por R$ 15. Encontram-se bolsas, chapéus, cintos e
botas. As verduras são lavadas em
uma torneira de 1886, instalada
em um prédio de 1913.
Heloisa Lupinacci viajou a convite da
Cunhatur e da pousada Cheiro da Terra
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