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A PANELEIRA
Dona Dita é herdeira de tradição indígena
Nonagenária faz panelas de barro
DA ENVIADA ESPECIAL
"Olha que velhinha ainda
trabalhando." Assim, deitada
numa cama, chupando um pé
de frango, dona Dita Olímpia,
92, apresenta-se a quem chega.
Ela é a última paneleira de
Cunha. "Hoje fiz uma frigideirinha já antes do almoço", se
orgulha, mas logo relativiza:
"Quando morava na roça, fazia
duas peças por dia. Vendi muita coisa. Levavam tudo. Tem
peça minha em São Paulo, no
Rio, no Paraná".
Dona Dita não está acostumada a receber visitas. A sua
casa, de dois cômodos, fica em
um bairro simples na periferia
de Cunha. Em cada canto do
quarto em que ela dorme com a
filha, repousam peças recém-feitas. "Essas estão verdes", diz
sobre as que não estão secas.
A paneleira aprendeu o ofício
com sua avó aos sete anos. Na
época, havia muitas paneleiras
na cidade, uma tradição herdada das índias. Hoje, as colegas
de Dita morreram, e não há
ninguém para manter a tradição. Vasos e potes feitos por ela
estão à venda na Casa do Artesão por até R$ 20 (r. José Arantes Filho, 27)
(HL)
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