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VIAS AMAZÔNICAS
Maguari leva a samaúma milenar
Guia explica usos tradicionais de folhas, cascas e raízes de árvores encontradas em percurso de trilha
NA AMAZÔNIA
Nem um grupo formado por
28 pessoas, todas de braços esticados e mãos dadas, foi suficiente para dar um abraço em
torno de toda a Vovó.
Vovó é o nome de uma samaúma com mais de 45 metros
de perímetro, árvore que vive
na Floresta Nacional do Tapajós, unidade de proteção federal criada em 1974, que, na margem direita do Tapajós, engloba enormes áreas de mata nativa e árvores centenárias. Segundo os moradores, Vovó teria 1.200 anos.
Entre as comunidades ribeirinhas que vivem nessa área,
nove receberam capacitação do
Ibama para trabalhar com o
ecoturismo. Uma das mais famosas é a de Maguari, no município de Belterra, de onde parte
o passeio de 9 km até a Vovó.
A trilha, que deve ser feita na
companhia de um guia local, é
aberta e não apresenta grandes
dificuldades aos turistas.
O guia, conhecedor da mata
local, apresenta aos turistas
propriedades e usos tradicionais das folhas e cascas de árvores e das raízes. Conhecimento
suficiente para prender a atenção dos turistas a cada parada e
amenizar o cansaço das quase
três horas da caminhada.
Dos produtos usados para a
fabricação de remédios e cremes para a pele, à raiz que solta
gotas de água potável, cada árvore apresentada pelo guia traz
uma surpresa diferente.
No percurso até Vovó, samaúmas mais modestas servem para mostrar como alguns
povos indígenas se comunicavam -uma pancada certa na
árvore provoca um estrondo.
De Alter a Maguari
A forma mais comum para ir
de Alter do Chão a Maguari é de
barco -em frente à praia do
Amor, o coração do vilarejo,
barqueiros locais oferecem a
viagem por preços que variam
conforme o número de pessoas
e o tipo de embarcação.
Dois passageiros, em uma
das melhores lanchas de barqueiro, sai por cerca de R$ 450.
Uma canoa pequena e desconfortável faz a viagem em três
horas, enquanto uma lancha
mais moderna pode realizar o
percurso em uma hora. Também é possível contratar os
passeios nas agências locais.
Neste caso, novamente, o
preço dependerá do número de
pessoas, do tipo de embarcação
e das condições da viagem.
Da agência -ou do barqueiro- vêm as primeiras dicas, como o tipo de roupa e alimentos
a serem levados. E é o barqueiro quem apresenta os turistas
aos moradores locais.
É preciso pagar uma taxa individual para a comunidade
(R$ 7). Para as caminhadas na
mata, é preciso contratar um
guia, selecionado em sistema
de revezamento, por R$ 30.
Cuidados especiais
Converse com o guia ou com
a agência de turismo antes de
partir para Maguari para ir bem
preparado. Lembre-se de levar
um tênis confortável e meias
que cubram a canela. Também
é importante levar, de preferência trocado, o dinheiro a ser
pago na comunidade.
Algumas pessoas optam por
levar comida -como arroz, feijão e frango congelado- para
ser preparada por uma mulher
da comunidade enquanto fazem a trilha. Não existe um preço fixo pelo serviço da cozinheira, e é de bom tom levar mais do
que a quantidade a ser consumida. É comum fazer a troca do
frango levado por peixe fresco,
quando disponível.
Como a trilha pode chegar a
cinco horas, é recomendável levar alguma comida -como frutas e bolachas- , mas lembre-se de não exagerar no peso. Levar água também é importante.
Calcule mais de um litro por
pessoa. A maior parte da trilha
é sombreada, mas não se esqueça do protetor solar para usar
no barco. Nesta época, não há
mosquitos em excesso.
(GUSTAVO VILLAS BOAS)
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