São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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2 X BRASIL (MS)

Casais de aves são freqüentemente vistos nessa região

Projeto aumenta população de araras-azuis

DA ENVIADA ESPECIAL AO PANTANAL (MS)

Ao caminhar pela fazenda Caiman, que abriga o Refúgio Ecológico Caiman, avistam-se tantas araras-azuis que fica difícil acreditar que essa espécie esteja ameaçada de extinção.
Casais fazem rasantes nos campos, cuidam de ninhos, passeiam com filhotes adolescentes, sentam-se sobre fios de eletricidade.
Mas essas aves -a maior espécie de psitacídeo do mundo (psitacídeo é a família de aves que integra periquitos, papagaios e araras, entre outros), chegando a 1,05 metro de comprimento, do bico à ponta do rabo- estão se reproduzindo e aumentando sua população graças à ação do projeto Arara Azul, cuja sede funciona na fazenda e pode ser visitada.
O projeto foi criado em 1990, pela bióloga Neiva Guedes. Ela era aluna e estava em uma aula de campo quando sua turma avistou uma arara dessa espécie.
O professor avisou: "Olhem bem, pois em breve essa ave será extinta". Então ela decidiu que se dedicaria a impedir que a frase dele estivesse correta.
De lá para cá, a população dessas araras aumentou de 1.500 para 5.000 animais nessa região.
O projeto atua monitorando os ninhos existentes, coletando material sobre eles e cuidando para que as aves façam mais ninhos.
As araras-azuis foram dizimadas graças a alguns fatores: a caça para o comércio ilegal de animais silvestres, a caça para a extração da pena com o objetivo de fazer artesanato indígena para venda, a deterioração do ambiente em que vivem e a diminuição do número de árvores nas quais fazem seus ninhos, além de características da espécie, como a demora para a ave chegar à idade reprodutiva e a freqüência da reprodução.
As soluções para tais problemas estão em andamento. Há a fiscalização da caça para o comércio ilegal e a conscientização dos locais de que as aves não devem ser levadas por traficantes de animais, mas sim cuidadas pelos integrantes do projeto; a proibição da venda de artesanato indígena que use penas de aves; a recuperação e a preservação do ambiente, o que, naturalmente, faz que as árvores nas quais as araras fazem seu ninho -o manduvi e a ximbuva- sejam mais freqüentes. Mesmo assim, o projeto instala caixas de madeira macia em diversas árvores, para que as araras façam seus ninhos ali.
As caixas acabam sendo usadas também por outras aves como ninho. O único problema é quando são emprestadas por enxames de abelhas, que constroem ali uma colméia. Aí elas são inutilizadas. Um problema, pois cada uma delas custa US$ 35.
(HELOISA LUPINACCI)


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