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2 X BRASIL (MS)
Casais de aves são
freqüentemente vistos nessa região
Projeto aumenta população de araras-azuis
DA ENVIADA ESPECIAL AO PANTANAL (MS)
Ao caminhar pela fazenda Caiman, que abriga o Refúgio Ecológico Caiman, avistam-se tantas
araras-azuis que fica difícil acreditar que essa espécie esteja ameaçada de extinção.
Casais fazem rasantes nos campos, cuidam de ninhos, passeiam
com filhotes adolescentes, sentam-se sobre fios de eletricidade.
Mas essas aves -a maior espécie de psitacídeo do mundo (psitacídeo é a família de aves que integra periquitos, papagaios e araras, entre outros), chegando a 1,05
metro de comprimento, do bico à
ponta do rabo- estão se reproduzindo e aumentando sua população graças à ação do projeto
Arara Azul, cuja sede funciona na
fazenda e pode ser visitada.
O projeto foi criado em 1990,
pela bióloga Neiva Guedes. Ela
era aluna e estava em uma aula de
campo quando sua turma avistou
uma arara dessa espécie.
O professor avisou: "Olhem
bem, pois em breve essa ave será
extinta". Então ela decidiu que se
dedicaria a impedir que a frase
dele estivesse correta.
De lá para cá, a população dessas araras aumentou de 1.500 para
5.000 animais nessa região.
O projeto atua monitorando os
ninhos existentes, coletando material sobre eles e cuidando para
que as aves façam mais ninhos.
As araras-azuis foram dizimadas graças a alguns fatores: a caça
para o comércio ilegal de animais
silvestres, a caça para a extração
da pena com o objetivo de fazer
artesanato indígena para venda, a
deterioração do ambiente em que
vivem e a diminuição do número
de árvores nas quais fazem seus
ninhos, além de características da
espécie, como a demora para a
ave chegar à idade reprodutiva e a
freqüência da reprodução.
As soluções para tais problemas
estão em andamento. Há a fiscalização da caça para o comércio ilegal e a conscientização dos locais
de que as aves não devem ser levadas por traficantes de animais,
mas sim cuidadas pelos integrantes do projeto; a proibição da venda de artesanato indígena que use
penas de aves; a recuperação e a
preservação do ambiente, o que,
naturalmente, faz que as árvores
nas quais as araras fazem seu ninho -o manduvi e a ximbuva-
sejam mais freqüentes. Mesmo
assim, o projeto instala caixas de
madeira macia em diversas árvores, para que as araras façam seus
ninhos ali.
As caixas acabam sendo usadas
também por outras aves como ninho. O único problema é quando
são emprestadas por enxames de
abelhas, que constroem ali uma
colméia. Aí elas são inutilizadas.
Um problema, pois cada uma delas custa US$ 35.
(HELOISA LUPINACCI)
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