São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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2 X BRASIL (MS)

Passeio começa antes da partida, quando já se avistam muitas espécies; focagem noturna é ponto alto

Safári pode ser de manhã, à tarde e à noite

DA ENVIADA ESPECIAL AO PANTANAL (MS)

Embora os animais possam ser vistos em qualquer lugar no Pantanal, a melhor maneira de observá-los é durante os safáris, que, muitas vezes, mesclam trechos em caminhões adaptados para a função a trilhas feitas a pé. Esse programa toma manhãs, tardes e até noites dos visitantes.
Para aproveitar bem o passeio três itens não podem faltar na mochila: um repelente, um protetor solar e um binóculo.
Como a fauna é abundante, o safári começa sem sequer o caminhão dar a partida.
Thiago R. A. Duarte e Victor do Nascimento, ambos guias do Refúgio Ecológico Caiman, certa feita se sentaram nos degraus da saída do safári e contaram quantas espécies de animais viriam se ficassem ali paradinhos da silva. Munidos de binóculos, avistaram 40 espécies diferentes. Prova da riqueza da fauna e da importância de carregar um binóculo.
No safári, porém, não só se observam esses animais como se recebe uma enxurrada de informações sobre eles. O programa acaba sendo uma longa e prática aula de biologia, que se estende também para a flora.
O emocionante desses safáris é que, por vezes, os viajantes estão apreciando tranqüilamente a paisagem quando, de repente, o caminhão pára, e o guia aponta para um animal escondido em algum canto do quadro, como se o passeio fosse uma espécie de livro "Onde Está Wally".
Os trechos a pé, no entanto, são os mais legais. Isso porque nessa hora o visitante compreende melhor a região. E a distribuição da vegetação auxilia esse entendimento. Nos lugares que alagam na época da cheia, a vegetação é rasteira. Nos pontos altos dos terrenos, nos quais o solo permanece seco o ano todo, há trechos de mata fechada, os capões.
Com tempo para a contemplação, é nessas caminhadas que se avistam, por exemplo, rodovias de saúvas carregando folhas cortadas. Casais de macacos catando frutas nas copas das árvores, cutias correndo entre arbustos e jacarés estacionados nas margens de poças.
Por vezes, um jacaré pode estar no meio da trilha, obstruindo o caminho. Isso não é motivo para pânico. Eles saem lentamente, meio ressabiados.

À noite
O safári noturno, chamado de focagem de animais, é um dos pontos altos da estada. Munido de um holofote, o guia encontra os animais graças aos brilhos dos olhos quando refletem a luz.
Os brilhos têm cores diferentes. Os olhos de mamíferos brilham vermelhos, assim, todos afiam o olhar em busca de dois grandes pontos vermelhos e brilhantes -os olhos da onça.
Mas, mesmo quando ela não aparece, a emoção é garantida. Por exemplo, ao acompanhar uma anta caminhando ao lado da estrada de terra, com seu focinhão comprido e seu rabinho curto. Ora ela pasta, ora ela corre, desajeitada. Ou ver, na calada da noite, a máscara preta que cobre os olhos de um guaxinim andando sorrateiramente sobre suas patas peladas.
Ou ao dar de cara com um tatu-galinha, que parece andar na ponta dos pés. Ele atravessa a mesma estrada de terra para um lado. Desiste e volta para o outro. E resolve então voltar. E mais uma vez cruza a estrada. A indecisão é tanta que o tatu parece tonto.
E o que dizer dos tamanduás-bandeira fêmeas carregando seus filhotes nas costas? Esses bichos minúsculos têm o rabo pelado e pegam carona com as mães até os seis meses de idade.
(HELOISA LUPINACCI)


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