São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

2 X BRASIL (MS)

Vitinho, como é chamado, passarinha e conta seus causos

Com olhos de águia, guia mostra aves

DA ENVIADA ESPECIAL AO PANTANAL (MS)

Tudo começou em 1991, quando um grupo de observadores de aves norte-americano foi ao Pantanal. Victor do Nascimento, então com 19 anos, foi escalado para acompanhar os estrangeiros. "Foi meio chato", relembra, da mesma maneira sucinta com que fala de tudo. Mas o grupo não o achou meio chato. Ao contrário, ficaram impressionados com a habilidade que ele tinha de encontrar animais. "As pessoas daqui enxergam muito bem", generaliza Vitinho, como é chamado.
Com olhos de águia, ele comanda o passeio de observação de pássaro oferecido à parte no Refúgio Ecológico Caiman (R$ 60, por pessoa) e é, ele mesmo, uma atração à parte: Vitinho já foi citado por publicações especializadas como o melhor guia de birdwatching da América do Sul.
Nascido na fazenda que abriga o hotel, além de saber tudo de aves, ele ensina as utilizações locais do caule, raiz, folha e flor de cada árvore, arbusto ou capim.
Com andar de garoto e uma coleção de assovios que imitam pássaros, ele conduz o passeio intercalando aves a causos, num emaranhado de fios de histórias.
Passarinhar é o verbo empregado por ele para a atividade. Assim, passarinhando no fim da tarde, percorre-se um trajeto curto, numa caminhada que, no entanto, dura horas e horas.
No fim da tarde, chega-se ao dormitório de aves, uma avenida de mangueiras entre o campo de futebol e as casas dos funcionários da fazenda. Ali se passa a maior parte do tempo. Vitinho aponta o telescópio para várias direções, onde foca as espécies, em diversos momentos, como cuidando do ninho, se alimentando, se preparando para dormir.
A cada minuto que passa, mais aves chegam para se aconchegar em seu galho e adormecer. Cada vez há mais barulho.
O guia explica que faz dois tours diferentes. "Para observadores de pássaros, eu aponto o telescópio para qualquer coisa que voe. Quando o passeio é com hóspedes "normais", mostro só as aves coloridas."
Para terminar o curto e demorado trajeto, ele mira o pôr-do-sol alaranjado entre galhos de árvores, num enquadramento que faz lembrar um rendado, e, depois, foca nas crateras da lua que começa a nascer. Assim, o passeio acaba, e fica difícil lembrar, depois de tantas espiadas, quantas aves diferentes pudemos passarinhar.
(HELOISA LUPINACCI)


Texto Anterior: Vegetação dá um espetáculo à parte
Próximo Texto: 2 x Brasil (MS): Rotina é rígida em "lodge" no Pantanal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.