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2 X BRASIL (MS)
Vitinho, como é chamado, passarinha e conta seus causos
Com olhos de águia, guia mostra aves
DA ENVIADA ESPECIAL AO PANTANAL (MS)
Tudo começou em 1991, quando um grupo de observadores de
aves norte-americano foi ao Pantanal. Victor do Nascimento, então com 19 anos, foi escalado para
acompanhar os estrangeiros. "Foi
meio chato", relembra, da mesma
maneira sucinta com que fala de
tudo. Mas o grupo não o achou
meio chato. Ao contrário, ficaram
impressionados com a habilidade
que ele tinha de encontrar animais. "As pessoas daqui enxergam muito bem", generaliza Vitinho, como é chamado.
Com olhos de águia, ele comanda o passeio de observação de
pássaro oferecido à parte no Refúgio Ecológico Caiman (R$ 60,
por pessoa) e é, ele mesmo, uma
atração à parte: Vitinho já foi citado por publicações especializadas
como o melhor guia de birdwatching da América do Sul.
Nascido na fazenda que abriga o
hotel, além de saber tudo de aves,
ele ensina as utilizações locais do
caule, raiz, folha e flor de cada árvore, arbusto ou capim.
Com andar de garoto e uma coleção de assovios que imitam pássaros, ele conduz o passeio intercalando aves a causos, num emaranhado de fios de histórias.
Passarinhar é o verbo empregado por ele para a atividade. Assim,
passarinhando no fim da tarde,
percorre-se um trajeto curto, numa caminhada que, no entanto,
dura horas e horas.
No fim da tarde, chega-se ao
dormitório de aves, uma avenida
de mangueiras entre o campo de
futebol e as casas dos funcionários da fazenda. Ali se passa a
maior parte do tempo. Vitinho
aponta o telescópio para várias direções, onde foca as espécies, em
diversos momentos, como cuidando do ninho, se alimentando,
se preparando para dormir.
A cada minuto que passa, mais
aves chegam para se aconchegar
em seu galho e adormecer. Cada
vez há mais barulho.
O guia explica que faz dois tours
diferentes. "Para observadores de
pássaros, eu aponto o telescópio
para qualquer coisa que voe.
Quando o passeio é com hóspedes "normais", mostro só as aves
coloridas."
Para terminar o curto e demorado trajeto, ele mira o pôr-do-sol
alaranjado entre galhos de árvores, num enquadramento que faz
lembrar um rendado, e, depois,
foca nas crateras da lua que começa a nascer. Assim, o passeio acaba, e fica difícil lembrar, depois de
tantas espiadas, quantas aves diferentes pudemos passarinhar.
(HELOISA LUPINACCI)
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