São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Foco

Arquitetura de Landi rompeu com o barroco nas igrejas da capital do Pará

DA ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)

Quase tudo em Belém remete ao ciclo da borracha, que foi do final do século 19 a meados do século 20, tendo tido grande queda em 1913.
Mas o que há de mais valioso no patrimônio histórico e arquitetônico é anterior a esse período de riqueza.
É a obra do arquiteto bolonhês Antonio Landi, que chegou a Belém em 1753 e ficou no Pará até morrer, em 1791.
Landi veio a essa região do Brasil para integrar uma expedição amazônica: ele foi responsável por demarcar parte da fronteira entre os domínios portugueses e espanhóis, além de registrar a fauna e a flora. Mas acabou legando à região, e principalmente a Belém, um conjunto arquitetônico marcante, em que iniciou um rompimento com o barroco predominante.
Esse conjunto, distribuído pelo centro antigo da cidade, teve seu marco inicial na decoração do teto da igreja de Santo Alexandre, onde hoje é o Museu de Arte Sacra.
Um circuito a pé costura as obras mais relevantes do arquiteto, como a igreja do Carmo, a capela de São João Batista e o hospital Real, a atual Casa das Onze Janelas.
Cada construção tem uma história peculiar. A igreja do Carmo, por exemplo, foi decorada internamente por Landi. Em meados do século 18, os carmelitas encomendaram uma fachada de pedra, que veio desmontada de Portugal até aqui, onde foi encaixada, como um brinquedo Lego. Mas o peso da pedra causou rachaduras na nave central. Aí Landi foi chamado para reprojetar o interior da igreja, que é bastante sóbrio.
Muitos detalhes foram mudados, descaracterizando o conjunto, mas ainda assim é notável o contraste entre a parte projetada pelo italiano e os traços barrocos iniciais.
Colada na igreja do Carmo está a capela da Ordem Terceira do Carmo. Ela sai totalmente da prancheta de Landi e impressiona pela austeridade dos enfeites.
O mais surpreendente do legado de Landi é a capela de São João Batista. Pequenina, ela não tem um altar decorado. Tem a parede onde o altar estaria pintada como se lá ele estivesse. A pintura reproduz o altar de uma igreja da cidade de Bolonha.
O Fórum Landi, iniciativa da Universidade Federal do Pará, que organizou o circuito a pé, entre outras iniciativas de resgate do patrimônio de Landi, oferece guias para acompanhar a visita. Para agendar, entre no site www.forumlandi.com.br, na seção Contatos. (HL)


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