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Foco
Arquitetura de Landi rompeu com o barroco nas igrejas da capital do Pará
DA ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)
Quase tudo em Belém remete ao ciclo da borracha,
que foi do final do século 19 a
meados do século 20, tendo
tido grande queda em 1913.
Mas o que há de mais valioso no patrimônio histórico e
arquitetônico é anterior a esse período de riqueza.
É a obra do arquiteto bolonhês Antonio Landi, que chegou a Belém em 1753 e ficou
no Pará até morrer, em 1791.
Landi veio a essa região do
Brasil para integrar uma expedição amazônica: ele foi
responsável por demarcar
parte da fronteira entre os
domínios portugueses e espanhóis, além de registrar a fauna e a flora. Mas acabou legando à região, e principalmente a Belém, um conjunto
arquitetônico marcante, em
que iniciou um rompimento
com o barroco predominante.
Esse conjunto, distribuído
pelo centro antigo da cidade,
teve seu marco inicial na decoração do teto da igreja de
Santo Alexandre, onde hoje é
o Museu de Arte Sacra.
Um circuito a pé costura as
obras mais relevantes do arquiteto, como a igreja do Carmo, a capela de São João Batista e o hospital Real, a atual
Casa das Onze Janelas.
Cada construção tem uma
história peculiar. A igreja do
Carmo, por exemplo, foi decorada internamente por
Landi. Em meados do século
18, os carmelitas encomendaram uma fachada de pedra,
que veio desmontada de Portugal até aqui, onde foi encaixada, como um brinquedo Lego. Mas o peso da pedra causou rachaduras na nave central. Aí Landi foi chamado para reprojetar o interior da
igreja, que é bastante sóbrio.
Muitos detalhes foram mudados, descaracterizando o
conjunto, mas ainda assim é
notável o contraste entre a
parte projetada pelo italiano
e os traços barrocos iniciais.
Colada na igreja do Carmo
está a capela da Ordem Terceira do Carmo. Ela sai totalmente da prancheta de Landi
e impressiona pela austeridade dos enfeites.
O mais surpreendente do
legado de Landi é a capela de
São João Batista. Pequenina,
ela não tem um altar decorado. Tem a parede onde o altar
estaria pintada como se lá ele
estivesse. A pintura reproduz
o altar de uma igreja da cidade de Bolonha.
O Fórum Landi, iniciativa
da Universidade Federal do
Pará, que organizou o circuito
a pé, entre outras iniciativas
de resgate do patrimônio de
Landi, oferece guias para
acompanhar a visita. Para
agendar, entre no site
www.forumlandi.com.br,
na seção Contatos.
(HL)
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