São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIZINHO EM PROMOÇÃO

Cidade mais austral do planeta oferece centro invernal com 17 km de pistas de esqui de vários níveis

Fim do mundo tem bons hotéis e aeroporto

DA ENVIADA ESPECIAL AO USHUAIA

O limbo do mundo não é como seria de esperar. Tem hotel cinco estrelas, aeroporto com pista de três quilômetros (suficiente para pousar o Concorde), restaurante aconchegante no meio de uma montanha congelada, parque e lagos para passeios de verão, neve em pó (a melhor para esquiar) para esportes de inverno, moradores amáveis e vários cibercafés.
Tem também maldição lançada pelos nativos, um suposto cemitério clandestino de presos políticos e infestação de castores, mas que lugar é perfeito? Ushuaia, a cidade mais austral do planeta, patenteou o slogan de "fim do mundo" e possui vários charmes.
Localizada abaixo do paralelo 54 da latitude sul (a seis graus de latitude, portanto, do ponto de convergência antártica, no paralelo 60), Ushuaia propicia algumas experiências de vertigem.
Uma delas é chegar ao fim da Ruta 3, que liga Buenos Aires à baía Lapataia, onde há uma placa indicando o término da última estrada do mundo (onde se lê: "Buenos Aires - 3.063 km; Alasca -17.515 km").
Ou sair da baía de Ushuaia pelo canal Beagle e saber-se a pouco mais de 100 km do cabo Horn, pouco mais de mil quilômetros da Antártida: a cidade é como a soleira do abismo.
Sem contar as experiências estéticas: nesse mesmo passeio realizado pelo canal Beagle, o visitante se depara com o farol do Fim do Mundo, que inspirou o livro homônimo de Júlio Verne.
No verão há a paisagem expressionista de vegetação vermelha contra os montes brancos (porque os picos são eternamente congelados); no inverno o contraste é dado pelo colorido das casas envolto de neve.
Em toda parte vêem-se cordeiros inteiros sendo assados, dispostos como na pintura "O Boi Esfolado", do pintor holandês Rembrandt (1606-1669), que, tendo sido apropriada em obras de Soutine e de Bacon, é como que citada novamente nas vitrines dos restaurantes de Ushuaia.
No dia 21 de junho, a noite mais comprida do ano na região, foi lançada a temporada turística invernal, com festa de fogos de artifício e a Bajada de Antorchas, que consiste na descida do desfiladeiro Glacial Martial por 120 esquiadores carregando tochas.
Outros eventos tradicionais do inverno ushuaiense ocorrem no mês que vem.
Na Festa Provincial de Escultura em Neve e Gelo, cerca de 20 equipes participantes de um concurso atacam com motosserra e serrote blocos de gelo durante dois dias.
Já a Marchablanca é uma maratona com mais de mil esquiadores de fundo e esqui nórdico, realizada sempre na segunda quinzena de agosto.
Além disso, há três anos já acontecem etapas do campeonato patagônico de esqui no centro invernal Cerro Castor, o mais novo da região (localizado a 25 km do centro de Ushuaia).
O centro possui cinco meios de elevação de última geração, mais de 17 km de pistas pisadas (são 15 pistas com diferentes graus de dificuldade) e equipamento completo para alugar (US$ 10 por dia). O preço da entrada no Cerro Castor é de US$ 25.
No caminho entre o centro invernal e Ushuaia, vale a pena dar uma parada no simpático restaurante Valle Hermoso, que cobra US$ 8 pela refeição, incluindo entrada (uma opção é o tradicional locro, uma espécie de cassoulet), prato principal (cordeiro assado é outro prato típico) e sobremesa.
No Complexo Turístico Haruwen (Ruta 3, km 3.005), o passeio em moto de neve custa US$ 15.
(JULIANA MONACHESI)



Restaurante Valle Hermoso - Ruta 3, km 3.015, Valle de Tierra Mayor, tels. 00/xx/54/2901/561-3188 e 560-2313.




Texto Anterior: Ushuaia está querendo falar português
Próximo Texto: Museus sintetizam história local
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.