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VIZINHO EM PROMOÇÃO
Cidade mais austral do planeta oferece centro invernal com 17 km de pistas de esqui de vários níveis
Fim do mundo tem bons hotéis e aeroporto
DA ENVIADA ESPECIAL AO USHUAIA
O limbo do mundo não é como
seria de esperar. Tem hotel cinco
estrelas, aeroporto com pista de
três quilômetros (suficiente para
pousar o Concorde), restaurante
aconchegante no meio de uma
montanha congelada, parque e lagos para passeios de verão, neve
em pó (a melhor para esquiar) para esportes de inverno, moradores amáveis e vários cibercafés.
Tem também maldição lançada
pelos nativos, um suposto cemitério clandestino de presos políticos
e infestação de castores, mas que
lugar é perfeito? Ushuaia, a cidade
mais austral do planeta, patenteou o slogan de "fim do mundo"
e possui vários charmes.
Localizada abaixo do paralelo
54 da latitude sul (a seis graus de
latitude, portanto, do ponto de
convergência antártica, no paralelo 60), Ushuaia propicia algumas
experiências de vertigem.
Uma delas é chegar ao fim da
Ruta 3, que liga Buenos Aires à
baía Lapataia, onde há uma placa
indicando o término da última estrada do mundo (onde se lê:
"Buenos Aires - 3.063 km; Alasca -17.515 km").
Ou sair da baía de Ushuaia pelo
canal Beagle e saber-se a pouco
mais de 100 km do cabo Horn,
pouco mais de mil quilômetros da
Antártida: a cidade é como a soleira do abismo.
Sem contar as experiências estéticas: nesse mesmo passeio realizado pelo canal Beagle, o visitante
se depara com o farol do Fim do
Mundo, que inspirou o livro homônimo de Júlio Verne.
No verão há a paisagem expressionista de vegetação vermelha
contra os montes brancos (porque os picos são eternamente
congelados); no inverno o contraste é dado pelo colorido das casas envolto de neve.
Em toda parte vêem-se cordeiros inteiros sendo assados, dispostos como na pintura "O Boi
Esfolado", do pintor holandês
Rembrandt (1606-1669), que, tendo sido apropriada em obras de
Soutine e de Bacon, é como que
citada novamente nas vitrines dos
restaurantes de Ushuaia.
No dia 21 de junho, a noite mais
comprida do ano na região, foi
lançada a temporada turística invernal, com festa de fogos de artifício e a Bajada de Antorchas, que
consiste na descida do desfiladeiro Glacial Martial por 120 esquiadores carregando tochas.
Outros eventos tradicionais do
inverno ushuaiense ocorrem no
mês que vem.
Na Festa Provincial de Escultura
em Neve e Gelo, cerca de 20 equipes participantes de um concurso
atacam com motosserra e serrote
blocos de gelo durante dois dias.
Já a Marchablanca é uma maratona com mais de mil esquiadores
de fundo e esqui nórdico, realizada sempre na segunda quinzena
de agosto.
Além disso, há três anos já acontecem etapas do campeonato patagônico de esqui no centro invernal Cerro Castor, o mais novo da
região (localizado a 25 km do centro de Ushuaia).
O centro possui cinco meios de
elevação de última geração, mais
de 17 km de pistas pisadas (são 15
pistas com diferentes graus de dificuldade) e equipamento completo para alugar (US$ 10 por dia).
O preço da entrada no Cerro Castor é de US$ 25.
No caminho entre o centro invernal e Ushuaia, vale a pena dar
uma parada no simpático restaurante Valle Hermoso, que cobra
US$ 8 pela refeição, incluindo entrada (uma opção é o tradicional
locro, uma espécie de cassoulet),
prato principal (cordeiro assado é
outro prato típico) e sobremesa.
No Complexo Turístico Haruwen (Ruta 3, km 3.005), o passeio
em moto de neve custa US$ 15.
(JULIANA MONACHESI)
Restaurante Valle Hermoso - Ruta 3,
km 3.015, Valle de Tierra Mayor, tels. 00/xx/54/2901/561-3188 e 560-2313.
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