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Museus sintetizam história local
DA ENVIADA ESPECIAL
Os nomes dos três principais
museus de Ushuaia sintetizam
sua história: museu Marítimo,
museu do Presídio e museu do
Fim do Mundo. A vida da Terra
do Fogo é inteira ligada ao mar, a
começar por esse nome, dado por
Fernão de Magalhães quando, em
suas tentativas de encontrar uma
passagem no continente que o levasse do Atlântico ao Pacífico
(1520), observou a fumaça que
pairava constantemente no céu
daquela região, proveniente (ele
não sabia) das fogueiras que os índios yámanas mantinham acesas
por causa do frio.
À passagem de um oceano a outro, como se sabe, denominou-se
estreito de Magalhães, mas essa é
apenas uma de muitas histórias
de navios e tragédias nos arredores de Ushuaia.
A fundação da cidade se deu
com a chegada de missionários
anglicanos, em 1850, que empreenderam suas atividades de
evangelização dos yámanas até
1884. Nessa data foi fundada a
subprefeitura naval de Ushuaia,
por decreto do presidente da Argentina, assegurando a soberania
na zona austral do país.
Em 1896, a cidade foi escolhida
para a instalação de uma colônia
penal e sua história é associada,
desde então, à existência dos presos mais perigosos da Argentina.
O presídio ficou pronto em 1907
e funcionou durante 40 anos, alojando alguns presos famosos, como o intelectual Ricardo Rojas, o
anarquista russo Simón Radowitzky e, apesar das controvérsias, o mito Carlos Gardel.
A região conheceu um desenvolvimento monstruoso no início
do século, mas os nativos, antes
do extermínio total, rogaram uma
praga aos conquistadores brancos: conta-se que os últimos bruxos yámanas subiram até o alto de
um dos morros Martial e gravaram em uma pedra que nenhum
casal naquele lugar viveria junto
por mais de dez anos. As estatísticas oficiais confirmam a maldição: Ushuaia tem o mais alto índice de divórcios da Argentina.
Dona Henriqueta, única descendente direta dos índios ainda
viva (dizem que ultrapassa os cem
anos), narra outras histórias do
gênero a quem a visita em sua casa, na avenida San Martín.
(JM)
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