São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Museus sintetizam história local

DA ENVIADA ESPECIAL

Os nomes dos três principais museus de Ushuaia sintetizam sua história: museu Marítimo, museu do Presídio e museu do Fim do Mundo. A vida da Terra do Fogo é inteira ligada ao mar, a começar por esse nome, dado por Fernão de Magalhães quando, em suas tentativas de encontrar uma passagem no continente que o levasse do Atlântico ao Pacífico (1520), observou a fumaça que pairava constantemente no céu daquela região, proveniente (ele não sabia) das fogueiras que os índios yámanas mantinham acesas por causa do frio.
À passagem de um oceano a outro, como se sabe, denominou-se estreito de Magalhães, mas essa é apenas uma de muitas histórias de navios e tragédias nos arredores de Ushuaia.
A fundação da cidade se deu com a chegada de missionários anglicanos, em 1850, que empreenderam suas atividades de evangelização dos yámanas até 1884. Nessa data foi fundada a subprefeitura naval de Ushuaia, por decreto do presidente da Argentina, assegurando a soberania na zona austral do país.
Em 1896, a cidade foi escolhida para a instalação de uma colônia penal e sua história é associada, desde então, à existência dos presos mais perigosos da Argentina.
O presídio ficou pronto em 1907 e funcionou durante 40 anos, alojando alguns presos famosos, como o intelectual Ricardo Rojas, o anarquista russo Simón Radowitzky e, apesar das controvérsias, o mito Carlos Gardel.
A região conheceu um desenvolvimento monstruoso no início do século, mas os nativos, antes do extermínio total, rogaram uma praga aos conquistadores brancos: conta-se que os últimos bruxos yámanas subiram até o alto de um dos morros Martial e gravaram em uma pedra que nenhum casal naquele lugar viveria junto por mais de dez anos. As estatísticas oficiais confirmam a maldição: Ushuaia tem o mais alto índice de divórcios da Argentina.
Dona Henriqueta, única descendente direta dos índios ainda viva (dizem que ultrapassa os cem anos), narra outras histórias do gênero a quem a visita em sua casa, na avenida San Martín. (JM)


Texto Anterior: Fim do mundo tem bons hotéis e aeroporto
Próximo Texto: Lendas de náufragos rondam a cidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.