São Paulo, segunda, 16 de março de 1998

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RAÍZES
Descendentes de italianos, professor de inglês e arquiteta tiveram recepção calorosa na terra de seus ancestrais
Busca de parente na Itália acaba em pizza

free-lance para a Folha

A arquiteta Juliana Pasquale Cortese, 25, e o professor de inglês Edelson Barbieri Finozzi, 31, ambos brasileiros descendentes de italianos, visitaram a Itália com o mesmo objetivo: ver e conversar com os parentes que ainda não conheciam pessoalmente.
Finozzi foi para a cidade de Marano Vicentino, próximo a Vicenza. Mas a pesquisa dele iniciou na Inglaterra, onde viveu de 90 a 92.
"Escrevi ao meu primo argentino, que deu o endereço de nossos familiares na Itália", conta.
Em 1992, Finozzi escreveu para Marano Vicentino e recebeu uma resposta de outro primo, italiano. "Coincidentemente, ele estava fazendo a árvore genealógica da nossa família e me convidou para visitá-lo. Passei uma semana lá, eles foram muito hospitaleiros. A experiência foi válida."
Em Schio, uma cidadezinha próxima a Marano Vicentino, Finozzi foi apresentado a uma tia. Seguiu-se um diálogo inusitado.
"Que bom que você voltou", ela disse ao sobrinho. "Mas eu nunca estive aqui antes", Finozzi respondeu. "Mas é como se o seu bisavô tivesse voltado." Ela se referia a Bonaventura Finozzi, o italiano que imigrou e deu origem à parte brasileira da família.
Já a arquiteta Juliana Pasquale Cortese visitou seus parentes pela primeira vez em 1985. Foi uma verdadeira excursão com 16 pessoas: o pai (italiano), a mãe, o irmão, primos, tios. Foram para Stresa, perto de Milão, terra natal dos Cortese, e outras cidades.
"Em Stresa, nós ficamos uma semana na casa onde meu pai morou", afirma Juliana.
Além de uma recepção calorosa, segundo ela, a visita despertou seu interesse para aprender o italiano e retornar ao país. Não deu outra.
Em 1996, graduada em arquitetura, ela estagiou por seis meses num escritório de design da cidade de Conegliano. Hoje ela representa no Brasil os móveis criados nesse escritório.
Na viagem em que fez o estágio, Juliana conheceu uma outra prima de seu pai, a atriz Valentina Cortese, 72. "Ela é encantadora. Trabalhou em vários filmes de Hollywood e foi casada com o ator Richard Basehart, o almirante Nelson da série "Viagem ao Fundo do Mar'." (CLAUDIO SCHAPOCHNIK)

Em Stresa
Como chegar: de trem, a cidade fica a menos de uma hora de Milão. É possível ainda chegar de carro pela estrada A-8, a partir de Milão
O que fazer: no verão, é interessante fazer um passeio de barco pelo lago Maggiore e visitar as ilhas Borromeo (que pertenciam, desde o século 12, à família de príncipes que dá nome ao arquipélago): Bella, Pescatore e Madre. Quem gosta de frio e neve pode ir a Monttarone, onde é possível esquiar
Isola Bella: abriga o palácio Borromeu, construção do século 17 que representa o estilo barroco lombardo, e jardins com plantas exóticas e dez terraços ornamentados com estátuas, vasos e pontes, formando um conjunto barroco
Isola Pescatore: possui diversos restaurantes. Neles, você pode apreciar os peixes do lago Maggiore
Isola Madre: totalmente coberta por um jardim com plantas e flores raras e exóticas

Em Vicenza
Como chegar: pegue a estrada A-4, partindo de Milão ou Veneza. A cidade fica a cerca de meia hora de Verona. Também é possível chegar de trem
O que comer: bacalhau à vicentina, acompanhado de polenta e vinho, que vem dos montes Berici
Arquitetura paladiana: as "vilas", palácios típicos da região, são as principais atrações da cidade, principalmente aquelas concebidas pelo arquiteto Andrea Palladio (1508-1580), que deu origem ao estilo paladiano, caracterizado pelas formas simples e simétricas. La Rotonda é uma das mais célebres obras do artista. Possui uma cúpula e foi construída sobre uma planta quadrada
Basílica de Monte Berico: feita em estilo barroco, ela fica no alto da colina de mesmo nome
Vila Valmarana: do século 17, possui afrescos do pintor veneziano Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770), cujo tema preferido era o Carnaval


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