|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RAÍZES
Professora fugiu do Holocausto
Polonesa
retorna ao
palco da dor
free-lance para a Folha
Foi necessário meio século para
a professora polonesa naturalizada brasileira Henrietta Braun, 67,
retornar ao seu país.
A viagem aconteceu em junho
do ano passado. Nascida numa família judaica na Cracóvia, ela foi
criada em Katowice e sobreviveu
ao Holocausto.
"Apesar das mágoas, nunca perdi as raízes polonesas, o idioma e a
cultura", explica.
"Fiquei no gueto de Stanislawów, na Polônia, de 1942 a 1944, e
só consegui sobreviver porque obtive documentos falsos com outro
nome, Ewa Rysiek, e outra religião, a católica", afirma Henrietta.
Antes de voltar à Polônia, ela se
encontrou na Suécia com a sua
companheira de viagem, a prima
Ada Wolfstein, 73. "Uma parente
que tenho em Paris me disse que
ela havia sobrevivido, fato que
desconhecia", recorda.
Infância feliz
"A emoção começou quando entrei no avião da Lot (empresa aérea polonesa)", lembra Henrietta.
Em Katowice, ela foi visitar o ginásio onde estudou. "Achei minha
classe e pensei, como num "flashback': será que vou encontrar a
minha professora?"
Na mesma cidade, ela localizou
o prédio onde viveu com a família.
"Antes da guerra, funcionava no
primeiro andar um fino salão de
chá, onde todas as tardes eu ia ver
a minha avó. Os garçons usavam
até luvas brancas para servir."
No segundo andar ficava o apartamento de Henrietta, com cinco
quartos. Hoje funciona uma empresa de informática.
"Foi uma emoção indescritível,
pois relembrei uma fase muito feliz da minha infância."
"Nenhum funcionário nos perguntou nada, parece que eles sabiam que eu tinha vivido naquele
imóvel", afirma.
Além do aspecto de reencontro
com o passado, Henrietta e sua
prima também visitaram pontos
turísticos na Cracóvia.
Elas foram à famosa mina de sal
de Wieliczka, nas proximidades
da cidade. "É um passeio imperdível: há esculturas de sal, uma igreja onde até hoje são celebrados casamentos e um hospital para tratamento de pessoas com doenças
respiratórias, que não permite a
entrada de turistas."
Henrietta dá uma dica de um
restaurante na Cracóvia. É o Ariel,
que serve comida casher (que obedece a normas alimentícias judaicas) e não-casher. "Além de bons
pratos, há um animado conjunto
ucraniano que canta músicas populares em iídiche, ucraniano, polonês e russo." O endereço é rua
Szeroka, 18.
(CSc)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|