São Paulo, segunda, 16 de março de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice RAÍZES Com apenas um endereço dos anos 20, aposentada descobre parentes e as cidades de origem dos pais no Japão Brasileira monta "ikebana' genealógico
free-lance para a Folha Fazer uma viagem de um ano ao Japão para conhecer as próprias origens e a cultura nipônica foi o objetivo alcançado pela aposentada Elza Shizuko Ueda, 54, em outubro de 1996. Filha de imigrantes que se radicaram no interior paulista, ela planejou seu roteiro a fim de conhecer as cidades onde seus pais nasceram, ambas localizadas na Província de Gifu, e possíveis parentes. Elza, que fala fluentemente o idioma japonês, trabalhou em indústrias e viveu em Kyotanabe, entre Osaka e Kyoto. A única informação que ela tinha era o endereço de seu pai na década de 20. "Em agosto do ano passado, resolvi ir à procura das raízes e de parentes", explica. A "investigação" começou em Kyoto, onde ela pegou o trem em direção a Gujo Hachiman, cidade onde seu pai, Gohei Ueda, nasceu. "Lá, peguei um táxi. O motorista foi muito solidário comigo e me levou à prefeitura, onde uma funcionária pesquisou os dados que eu tinha trazido. Só o número da rua é que tinha mudado." Com o mesmo taxista, ela foi até o endereço correto e viu a placa de uma loja que vende artigos religiosos chamada Ueda. "É aqui meu Deus!". Elza entrou, viu duas senhoras e se identificou. Segundos depois, ela já sabia que estava falando com uma prima de seu pai. "Ela, a Kou Ueda, de 72 anos, deu gritos de emoção", recorda Elza. "Fiquei bastante emocionada e não sabia se chorava ou se falava." Elza foi convidada a ficar na casa de sua parente. Em agosto, Gujo Hachiman fica lotada de turistas por causa do feriado do Dia dos Mortos, que dura três dias. Segundo Elza, além de relembrar os mortos, os japoneses festejam também a vida. "É uma festa interessante e vale a pena conhecer." "Conversamos, mostrei fotos do Brasil e vi o álbum de família dela", afirma. No dia seguinte, outra surpresa a esperava. O filho de Kou levou Elza para conhecer a cidade onde sua mãe nasceu, Wara Mura, que fica perto de Gujo Hachiman. "Fiquei arrepiada ao entrar na casa onde ela foi criada." Na ocasião, Elza conheceu uma prima do lado materno, Etsuko Ikedo, 85. De volta ao Brasil, Elza iniciou troca de cartas com seus parentes no Japão e diz que pretende retornar para aprofundar os estudos das origens. (CSc) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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