São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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TERRAS ALTAS

Aromas guiam turistas pelas destilarias

Uísque mais consumido no mundo, blend nasce do trabalho artesanal de especialista na mescla de maltes

PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REDAÇÃO

Quem volta de Edimburgo se esforça na tentativa de contar como foi a experiência de visitar as destilarias. Mas a narrativa esbarra em um problema sensorial. "Não há como transmitir todos aqueles aromas, apesar de eles serem uma marca inesquecível mesmo para quem não é um grande fã de uísque", resume Beto Ranieri, embaixador do uísque Buchanan's no Brasil.
Resta ao felizardo visitante contar o que aprendeu sobre o processo de produção da bebida, as diferenças de cada região produtora e as dicas de como começar a apreciar o uísque.
A primeira lição ensina o que há dentro dos tonéis de carvalho. Estão ali os single malts, como são chamados os uísques feitos a partir da cevada.
Armazenados por anos, a maior parte será usada para compor um blend, como são chamados os uísques resultantes da mistura de single malts e single grains -estes, feitos com grãos, como trigo, milho e centeio. Os uísques blend são os mais consumidos no mundo.
O responsável por essa mistura é o "master blender". "Como em cada situação o malte pode estar de um jeito, não há receita. Então, o trabalho desse especialista é quase o trabalho de um perfumista", diz Ranieri. "Um processo artesanal, em que é preciso misturar 30, 40 maltes, até se chegar à bebida com as características de cada lote, de cada marca", explica.

Do mel ao mar
A lição que faz com que o turista comece a se sentir um verdadeiro "expert" do mundo do uísque é sobre as características de cada região da Escócia.
Eduardo Rotella, embaixador da Chivas no Brasil, explica que são elas que ditam os sabores e aromas. "Tanto é assim, que tomar um single malt revela a essência de cada lugar ao quíntuplo", diz.
Ele conta que Speyside é a região que concentra o maior número de destilarias. "Das cerca de cem, umas 60 estão lá. É de onde saem as bebidas mais florais, mais frutadas, com notas de mel, baunilha, avelãs", diz.
Nas terras mais altas, em Highlands, saem os uísques que deixam uma sensação mais picante. São aqueles mais ardidos, aromáticos, que podem lembrar algo como o gengibre.
Já de Lowlands saem os uísques de sabor mais tranquilo. "São mais calminhos, leves e doces." A quarta região é Islay, formada por ilhas. "Vêm daí os mais defumados, com aromas de maresia, de sal, de peixe."

Hora de experimentar
Quem prefere os mais suaves deve pedir os mais velhos. Um uísque 25 anos passou todo esse tempo, ou mais, em tonéis de madeira. "Isso significa que, apesar de ter teor alcoólico perto de 40º, ele não estará tão concentrado", diz Rotella.
No copo baixo, para sentir melhor o aroma, a dica para refrescar e abrir o buquê é colocar duas pedras de gelo ou um golinho de água gelada.


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