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TERRAS ALTAS
Aromas guiam turistas pelas destilarias
Uísque mais consumido no mundo, blend nasce do trabalho artesanal de especialista na mescla de maltes
PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REDAÇÃO
Quem volta de Edimburgo se
esforça na tentativa de contar
como foi a experiência de visitar as destilarias. Mas a narrativa esbarra em um problema
sensorial. "Não há como transmitir todos aqueles aromas,
apesar de eles serem uma marca inesquecível mesmo para
quem não é um grande fã de
uísque", resume Beto Ranieri,
embaixador do uísque Buchanan's no Brasil.
Resta ao felizardo visitante
contar o que aprendeu sobre o
processo de produção da bebida, as diferenças de cada região
produtora e as dicas de como
começar a apreciar o uísque.
A primeira lição ensina o que
há dentro dos tonéis de carvalho. Estão ali os single malts,
como são chamados os uísques
feitos a partir da cevada.
Armazenados por anos, a
maior parte será usada para
compor um blend, como são
chamados os uísques resultantes da mistura de single malts e
single grains -estes, feitos com
grãos, como trigo, milho e centeio. Os uísques blend são os
mais consumidos no mundo.
O responsável por essa mistura é o "master blender". "Como em cada situação o malte
pode estar de um jeito, não há
receita. Então, o trabalho desse
especialista é quase o trabalho
de um perfumista", diz Ranieri.
"Um processo artesanal, em
que é preciso misturar 30, 40
maltes, até se chegar à bebida
com as características de cada
lote, de cada marca", explica.
Do mel ao mar
A lição que faz com que o turista comece a se sentir um verdadeiro "expert" do mundo do
uísque é sobre as características de cada região da Escócia.
Eduardo Rotella, embaixador da Chivas no Brasil, explica
que são elas que ditam os sabores e aromas. "Tanto é assim,
que tomar um single malt revela a essência de cada lugar ao
quíntuplo", diz.
Ele conta que Speyside é a região que concentra o maior número de destilarias. "Das cerca
de cem, umas 60 estão lá. É de
onde saem as bebidas mais florais, mais frutadas, com notas
de mel, baunilha, avelãs", diz.
Nas terras mais altas, em
Highlands, saem os uísques que
deixam uma sensação mais picante. São aqueles mais ardidos, aromáticos, que podem
lembrar algo como o gengibre.
Já de Lowlands saem os uísques de sabor mais tranquilo.
"São mais calminhos, leves e
doces." A quarta região é Islay,
formada por ilhas. "Vêm daí os
mais defumados, com aromas
de maresia, de sal, de peixe."
Hora de experimentar
Quem prefere os mais suaves
deve pedir os mais velhos. Um
uísque 25 anos passou todo esse tempo, ou mais, em tonéis de
madeira. "Isso significa que,
apesar de ter teor alcoólico perto de 40º, ele não estará tão
concentrado", diz Rotella.
No copo baixo, para sentir
melhor o aroma, a dica para refrescar e abrir o buquê é colocar
duas pedras de gelo ou um golinho de água gelada.
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