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MARCO ALEMÃO
Salsichas octogenárias no subsolo de metrô apetitam
Em Prenzlauer, os prédios históricos foram modernizados em reformas pagas por governo e moradores
DA ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
Sair do burburinho turístico
é sempre bom para mudar de
ares e para descobrir cantinhos
que não costumam ocupar as
páginas dos guias.
Ainda mais em Berlim, onde
a cada dez minutos de caminhada tropeça-se em uma estação de trem ou metrô, encurtando consideravelmente as distâncias de uma cidade que já
não é lá muito grande.
Seus 3,4 milhões de pessoas
se espalham em aproximadamente 892 km2, o que faz de
Berlim uma cidade pouco
maior que Campinas, no interior de São Paulo. Um verdadeiro convite para conhecer
cantinhos interessantes e, por
vezes, menos badalados entre
uma atração turística e outra.
Com esse espírito, depois de
dar aquele pulinho obrigatório
na Alexanderplatz e caminhar
pela Karl-Marx-Allee, dê uma escapada da rota convencional e vá
fazer uma boquinha na Schönhauser Allee, número 44, não
muito longe dali.
Basta pegar a linha U2 e descer na Eberswalder para se deliciar com pratos tradicionais
- como o currywurst, uma salsicha cortada em cubinhos e
temperada com muito curry-
na Konnopke's Imbiss (http://konnopke-imbiss.de), uma
lanchonete aberta em 1930 que
fica bem embaixo da estação.
Os preços são módicos -o
currywurst, por exemplo, sai
por 1,70-, os pedidos são servidos em pratinhos de plástico
e o banquete é devorado de pé
mesmo, nas mesinhas altas e
redondas instaladas na frente
da lanchonete.
Cada minuto nas pequenas,
mas constantes filas, que se
formam das 6h às 20h, de segunda a sexta-feira, e das 12h às
19h, aos sábados, será recompensado pelo sabor.
Uma prova de que é um dos
melhores lugares de Berlim para fazer uma boquinha? Bem, a
clientela é quase toda formada
por alemães há 78 anos.
Capriche no sotaque!
Na hora de fazer o pedido,
melhor decorar direitinho o
que quer enquanto aguarda na
fila: o cardápio, à mostra, está
em alemão. E as duas atendentes do caixa fazem cara de poucos amigos e zero paciência para turistas indecisos.
É possível ainda experimentar as salsichas octogenárias
em outro endereço.
Sem o mesmo charme, mas
tentando conservar o sabor original, a filial na Romain-Rolland-Strasse, número 16, funciona de segunda a sexta-feira,
das 7h às 19h.
Pelo bairro
Queime as calorias das salsichas deliciosamente encharcadas com ketchup e curry ou da
salada de batatas com maionese da unidade de Prenzlauer
Berg em um passeio no bairro.
Uma breve caminhada já revela a agitação do antigo reduto
operário, hoje tomado por artistas, estudantes universitários, turistas e intelectuais, que
lotam as praças, os restaurantes e os bares que pipocam pelas ruas arborizadas.
Vale um olhar atento à arquitetura da região. Prenzlauer
Berg foi o bairro que mais preservou prédios históricos.
A maior parte das construções não foi derrubada, mas
modernizada em reformas
bancadas em parte pelo governo alemão -responsável pelas
fachadas- em parte pelos próprios moradores -responsáveis pela parte interna.
Um dos maiores orgulhos de
quem vive na região mora no
fato de o bairro não ter ficado
com o que chamam de "cara de
shopping center", como outros
da antiga Berlim Oriental que
tiverem prédios históricos descaracterizados e envidraçados.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
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