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TERRA SANTA E DIVIDIDA
Roteiro na Cidade Velha tem atrações para três religiões
Os bairros católico, judeu e muçulmano somam credos e desvelam a história destas religiões monoteístas
DO ENVIADO ESPECIAL À TERRA SANTA
Entrar na Cidade Velha, cercada por muros construídos no
século 16, é fazer uma viagem
pelo mundo das religiões. Vivem ali cristãos, muçulmanos,
judeus e armênios em delicado
equilíbrio. Há atrações para as
três religiões monoteístas que
compõem o mosaico de crenças
do Oriente Médio.
Visita cristã
É possível entrar no bairro
católico pelos portões Jaffa,
Novo e Sion. No reduto cristão
fica a igreja do Santo Sepulcro,
erguida na última estação da
Via Dolorosa, ou seja, na pedreira em que, segundo a Bíblia, Jesus foi crucificado.
O local da crucificação -ou
Calvário- pode ser observado
através do vidro do altar. Também dá para conhecer o Túmulo de Cristo, como é chamado o
lugar em que seu corpo teria sido deitado depois do martírio.
Aproveite para conhecer no
bairro a igreja Luterana do Redentor -não deixe de levar a
máquina fotográfica para aproveitar a linda vista para a cidade
a partir da torre do sino- e a
igreja de São João Batista.
As igrejas, as lojinhas de artigos religiosos e os mercados
costumam estar sempre cheios
de turistas. A rua Muristan,
com seus cafés, pode ser uma
boa alternativa para quem quiser fugir um pouco da agitação.
Nos últimos anos, com a compra de imóveis por israelenses
-Ariel Sharon entre eles-, a
tensão vem aumentando nessa
parte da cidade.
Não deixe de visitar também
o Monte das Oliveiras, que fica
a leste da Cidade Velha. Trata-se do local em que Jesus Cristo
foi preso pelos romanos e onde
teria ascendido aos céus. Mais
uma vez, deixe no jeito a máquina fotográfica: além de igrejas importantes em suas encostas, o Monte das Oliveiras tem a
melhor vista da região.
Já ao sul fica a pequena e
tranqüila parte armênia da cidade, que chama a atenção pelas dezenas de cartazes espalhados com informações sobre
o bem menos conhecido holocausto armênio pelos turcos,
no início do século 20.
Cartão-postal
São os portões de Damasco,
Herodes e São Estevão que dão
acesso ao bairro muçulmano.
Fica ali o Haram esh-Sharif
(Santuário Nobre). Ele se tornou sagrado para os muçulmanos em 691 d.C, com a construção do Domo da Rocha.
Considerado o principal cartão-postal da cidade, a Mesquita do Domo da Rocha foi erguida onde Maomé teria subido
aos céus numa escada dourada.
O local também é importantíssimo para os judeus, que acreditam que foi exatamente ali
que Abraão ofereceu seu filho
em sacrifício a Deus.
Essa é uma das mais antigas
mesquitas do mundo e sua arquitetura até hoje é única. Ao
contrário dos santuários cristãos, sempre abarrotados de turistas, o belíssimo interior da
mesquita é um local sóbrio e de
profunda veneração.
Uma escada leva os fiéis para
baixo do rochedo, extremamente restrito aos não-muçulmanos. É possível visitar a esplanada em alguns horários,
mas a entrada no Domo da Rocha requer permissão especial.
Num país onde a menor das
fagulhas pode detonar a maior
das explosões, a inesperada
presença de soldados israelenses armados no interior do Domo da Rocha -talvez o centro
simbólico de todo o furacão
chamado Oriente Médio -aparenta a inconseqüência de uma
criança brincando com um fósforo acesso sobre um barril de
pólvora. Também na Esplanada fica a mesquita de Al Aqsa.
Foi em seu pátio que explodiu a
Segunda Intifada.
Muro da fé
A parte judaica da Cidade Velha foi reconstruída depois de
ser quase totalmente arrasada
nos conflitos de 1948, e, portanto, é bem mais moderna do que
a restante. Ela foi ocupada por
tropas israelenses em 1967. Escavações revelaram ruínas do
Cardo, principal rua da Jerusalém do tempo dos romanos.
Para chegar até a parte judaica a melhor maneira é pelo portão de Jaffa ou entrando pelo
lado armênio. Há ônibus urbanos que param direto no Muro
das Lamentações, foco principal dessa parte da cidade.
O Muros das Lamentações fica sempre cheio de fiéis, que
vão ali para rezar, principalmente na véspera do shabat.
Ele foi erguido por Herodes, o
Grande, no ano 20 a.C.
Foi aproximadamente em 70
d.C. que o muro tornou-se um
local sagrado. Nessa época, os
devotos iam até lá para lamentar a destruição do templo. Homens e mulheres rezam em lugares diferentes: eles ficam à
esquerda e elas ficam à direita.
(PEDRO CARRILHO)
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