São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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TERRA SANTA E DIVIDIDA

Roteiro na Cidade Velha tem atrações para três religiões

Os bairros católico, judeu e muçulmano somam credos e desvelam a história destas religiões monoteístas

DO ENVIADO ESPECIAL À TERRA SANTA

Entrar na Cidade Velha, cercada por muros construídos no século 16, é fazer uma viagem pelo mundo das religiões. Vivem ali cristãos, muçulmanos, judeus e armênios em delicado equilíbrio. Há atrações para as três religiões monoteístas que compõem o mosaico de crenças do Oriente Médio.

Visita cristã
É possível entrar no bairro católico pelos portões Jaffa, Novo e Sion. No reduto cristão fica a igreja do Santo Sepulcro, erguida na última estação da Via Dolorosa, ou seja, na pedreira em que, segundo a Bíblia, Jesus foi crucificado.
O local da crucificação -ou Calvário- pode ser observado através do vidro do altar. Também dá para conhecer o Túmulo de Cristo, como é chamado o lugar em que seu corpo teria sido deitado depois do martírio.
Aproveite para conhecer no bairro a igreja Luterana do Redentor -não deixe de levar a máquina fotográfica para aproveitar a linda vista para a cidade a partir da torre do sino- e a igreja de São João Batista.
As igrejas, as lojinhas de artigos religiosos e os mercados costumam estar sempre cheios de turistas. A rua Muristan, com seus cafés, pode ser uma boa alternativa para quem quiser fugir um pouco da agitação. Nos últimos anos, com a compra de imóveis por israelenses -Ariel Sharon entre eles-, a tensão vem aumentando nessa parte da cidade.
Não deixe de visitar também o Monte das Oliveiras, que fica a leste da Cidade Velha. Trata-se do local em que Jesus Cristo foi preso pelos romanos e onde teria ascendido aos céus. Mais uma vez, deixe no jeito a máquina fotográfica: além de igrejas importantes em suas encostas, o Monte das Oliveiras tem a melhor vista da região.
Já ao sul fica a pequena e tranqüila parte armênia da cidade, que chama a atenção pelas dezenas de cartazes espalhados com informações sobre o bem menos conhecido holocausto armênio pelos turcos, no início do século 20.

Cartão-postal
São os portões de Damasco, Herodes e São Estevão que dão acesso ao bairro muçulmano. Fica ali o Haram esh-Sharif (Santuário Nobre). Ele se tornou sagrado para os muçulmanos em 691 d.C, com a construção do Domo da Rocha.
Considerado o principal cartão-postal da cidade, a Mesquita do Domo da Rocha foi erguida onde Maomé teria subido aos céus numa escada dourada. O local também é importantíssimo para os judeus, que acreditam que foi exatamente ali que Abraão ofereceu seu filho em sacrifício a Deus.
Essa é uma das mais antigas mesquitas do mundo e sua arquitetura até hoje é única. Ao contrário dos santuários cristãos, sempre abarrotados de turistas, o belíssimo interior da mesquita é um local sóbrio e de profunda veneração.
Uma escada leva os fiéis para baixo do rochedo, extremamente restrito aos não-muçulmanos. É possível visitar a esplanada em alguns horários, mas a entrada no Domo da Rocha requer permissão especial.
Num país onde a menor das fagulhas pode detonar a maior das explosões, a inesperada presença de soldados israelenses armados no interior do Domo da Rocha -talvez o centro simbólico de todo o furacão chamado Oriente Médio -aparenta a inconseqüência de uma criança brincando com um fósforo acesso sobre um barril de pólvora. Também na Esplanada fica a mesquita de Al Aqsa. Foi em seu pátio que explodiu a Segunda Intifada.

Muro da fé
A parte judaica da Cidade Velha foi reconstruída depois de ser quase totalmente arrasada nos conflitos de 1948, e, portanto, é bem mais moderna do que a restante. Ela foi ocupada por tropas israelenses em 1967. Escavações revelaram ruínas do Cardo, principal rua da Jerusalém do tempo dos romanos.
Para chegar até a parte judaica a melhor maneira é pelo portão de Jaffa ou entrando pelo lado armênio. Há ônibus urbanos que param direto no Muro das Lamentações, foco principal dessa parte da cidade.
O Muros das Lamentações fica sempre cheio de fiéis, que vão ali para rezar, principalmente na véspera do shabat. Ele foi erguido por Herodes, o Grande, no ano 20 a.C.
Foi aproximadamente em 70 d.C. que o muro tornou-se um local sagrado. Nessa época, os devotos iam até lá para lamentar a destruição do templo. Homens e mulheres rezam em lugares diferentes: eles ficam à esquerda e elas ficam à direita.
(PEDRO CARRILHO)


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