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LITERATURA
Livro narra biografia da mulher de Caramuru, índia que passou por locais como Rio Vermelho e Itaparica
Salvador é cenário de romance sobre Catarina Paraguaçu
PALOMA VARÓN
DA REDAÇÃO
A índia tupinambá Catarina Paraguaçu tem o seu nome definitivamente ligado à história da formação do Brasil, que começa na
Bahia. A importância da índia nas
plagas baianas pode ser medida
pelas referências à sua figura em
Salvador. Catarina é a mãe de alguns dos primeiros mestiços entre brancos e índios do Brasil.
É disso que trata o livro "Catarina Paraguaçu - A Mãe do Brasil",
do escritor e jornalista Tasso
Franco. O livro conta, de forma
romanceada, o encontro da índia
com o náufrago português Diogo
Álvares Correia, o Caramuru, e
como, juntos, eles iniciaram a
construção da cidade de Salvador.
A história narrada por Franco
começa em 1509, com o naufrágio
do português na localidade de
Maiririquiig (atual largo da Mariquita, no bairro do Rio Vermelho), próximo à baía de Todos os
Santos (descoberta em 1501 por
Américo Vespúcio).
Correia foi acolhido pela tribo
tupinambá, que habitava o local, e
chamado de Caramuru, nome
que designa uma espécie de moréia. Caramuru -que teve a sua
história contada na série de TV e
no filme "Caramuru - A Invenção
do Brasil", ambos de Guel Arraes- viveu com os índios tupinambás e teve filhos com muitas
nativas, incluindo Moema, celebrizada no "Poema Épico do Descobrimento da Bahia" (1781), de
Santa Rita Durão. No poema, o
desespero de Moema, que, abandonada por Caramuru, tenta seguir a nado o navio que o leva à
França (para se casar com Catarina Paraguaçu), é um dos pontos
mais dramáticos.
Após alguns anos na Bahia, integrado aos costumes indígenas e
comercializando pau-brasil com
navegadores franceses, Caramuru ajudou uma tribo da ilha de
Itaparica a vencer uma batalha na
ilha do Medo (ambas as ilhas ficam na baía de Todos os Santos,
perto da capital baiana) e ganhou,
como gratificação, o direito de se
casar com a filha do cacique.
Nascida em Itaparica, Catarina
foi levada à aldeia onde Caramuru
morava, que ficava no atual bairro
da Barra. Lá passou a morar com
ele e, juntos, tiveram muitos filhos. O português, que já tinha filhos de Moema e outras índias, levou Catarina para a França para
que ela fosse batizada no catolicismo e eles pudessem se casar.
Em 1528, Catarina Paraguaçu
teria sido a primeira brasileira a
ser batizada pela Igreja Católica
(há uma cópia da sua certidão de
batismo na Arquidiocese de Salvador). A índia foi batizada em
Saint-Malo, na França, com o nome de Catherine du Brésil (Catarina do Brasil) e se casou com o
português na mesma igreja.
Ao voltar ao Brasil, a índia passou a vivenciar a fé católica e teria
tido uma visão na qual a Virgem
Maria lhe pedia a construção de
uma capela em seu louvor.Catarina então construiu a igreja da
Graça no bairro de mesmo nome,
onde foi sepultada após a sua
morte, em 1587. A visão é retratada num óleo de Manoel Lopes
Rodrigues e faz parte do Arquivo
Público do Estado da Bahia.
Com a implantação das capitanias hereditárias em 1534, o donatário Francisco Pereira Coutinho passou a ameaçar a convivência dos índios e os negócios de
Caramuru, cuja influência sobre
os índios diminuiu. Em 1549, Tomé de Sousa -designado governador-geral do Brasil pelo rei de
Portugal- chegou ao porto da
Barra para fundar Salvador.
"Catarina Paraguaçu - A Mãe do Brasil" - De Tasso Franco; editora Relume
Dumará, 150 págs., R$ 24.
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