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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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Artesãos se reúnem em cooperativa, que oferece máquinas, e produzem cerca de 3.000 peças por mês

Couro de caprino vira brinco, bolsa e roupa

DO ENVIADO ESPECIAL A CABACEIRAS (PB)

O artesanato feito com o couro de bode é outra prova da criatividade dos habitantes de Cabaceiras na utilização da principal fonte de renda da região.
São bolsas, cintos, roupas, calçados, chapéus e bijuterias produzidos por artesãos da cidade. Ao couro do animal, são acrescentados outros materiais, como metal, miçangas, coco e até caramujos.
As peças podem ser encontradas na Arteza (Cooperativa dos Curtidores e Artesãos de Couro do Distrito de Ribeira), cujo nome é uma mistura de arte com alteza -também em homenagem à realeza do bode.
A cooperativa foi criada para incentivar a manufatura e facilitar a venda dos produtos. Os artesãos produzem em casa, nas suas oficinas, mas podem utilizar os equipamentos da sede da Arteza -como máquinas de cortar, de costurar e de prensar.
A Arteza produz, por mês, 3.000 peças. O presidente da cooperativa, José Itamar Maracajá Ramos, 30, conta que a cooperativa participa de feiras em outros Estados e já vende para lojas de outras cidades. Ele enumera as vantagens do couro de bode sobre o bovino: é mais flexível e resistente e permite um melhor acabamento.

Curtição de couro
A cooperativa espera melhorar ainda mais a produção quando a reforma do curtume (onde o couro é beneficiado) estiver concluída. "Hoje, eu levo de 15 a 20 dias para curtir o couro. Com o fulão [máquina com motor giratório] do curtume, serão apenas 24 horas", diz o curtidor Antonio Francelmo Farias de Sousa, 28.
Outra inovação nesse processo artesanal é a utilização de uma planta, o angico, no lugar de produtos químicos para curtir a pele do animal. A planta agride menos o ambiente.
Trabalhando em casa, a artesã Maria de Fátima Farias Sousa, 50, mãe de Antonio, conta, toda orgulhosa, que o prefeito de Cabaceiras levou um dos cintos que ela faz para a atriz Patrícia Pillar. "Ele disse que ela ficou feliz da vida."
O artesão Severino Gomes de Macedo, 66, trabalha com couro de bode desde os 12 anos. Autodidata, começou fazendo sela para cavalo e hoje confecciona de tudo, principalmente chapéus. "Se tem uma coisa que dá dinheiro hoje em dia é bode", diz. Ele afirma que tira cerca de R$ 700 por mês com o artesanato.
Os preços das peças da cooperativa são variados: as bolsas ficam entre R$ 17 e R$ 35, e os cintos, entre R$ 8 e R$ 30. Tel.: 0/xx/83/356-9035. (AUGUSTO PINHEIRO)


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