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DE PORTAS ABERTAS
Novo modelo atiça degustação dos amantes da bebida produzida pela Ramos Pinto, que tem museu
Tacinha de vinho do Porto está superada
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
Aquelas taças bem pequenas
usadas para tomar vinho do Porto
estão fadadas a virar atração de
museu. Hoje o cálice oficial da bebida produzida no vale do rio
Douro, criado recentemente pelo
arquiteto português Álvaro Siza
Vieira, tem um buraco na haste
para acomodar o polegar e a boca
menor que a base que segura o líqüido, num formato estudado para estimular as papilas gustativas.
"Aquela tacinha fazia todo o vinho evaporar rapidamente", comenta Jorge Rosas, diretor da fábrica de vinho do Porto fundada
por seu bisavô Adriano Ramos
Pinto em 1880. Da sede, em Vila
Nova de Gaia, avista-se o rio Douro e o Porto, na margem oposta.
A bebida é exportada pela cidade que a batiza e tem produção
concentrada em Vila Nova de
Gaia, cidade grande de avenidas
largas e prédios altos que desmentem o seu nome.
O museu da Adriano Ramos
Pinto mantém o escritório do início do século 20, com máquinas
de escrever antigas, cartazes art
nouveau, rótulos como o do 400º
aniversário da descoberta do Brasil, e brindes distribuídos aos consumidores em promoções, num
acervo que mostra uma visão de
marketing "avant la lettre".
Também denotam a ousadia de
Ramos Pinto para a época os azulejos de nus exibidos na entrada
do museu, como o de uma mulher brincando nos ombros de um
homem, o qual chegou a ser vetado numa exposição no Brasil no
início do século 20 porque "o baixo ventre da senhora está muito
perto da barba do senhor".
O mercado brasileiro motivou a
fundação da empresa por Adriano Ramos Pinto, aos 20 anos,
abrindo as janelas do país para esse tipo de bebida. A empresa teve
a ex-colônia como principal mercado por muitos anos, mas a exportação para cá caiu de mais de 1
milhão de garrafas nos anos 20
para as atuais 60 mil, e o Brasil hoje recebe menos vinho da empresa do que EUA e França.
Outra diferença hoje é que o capital da produtora pertence à
Louis Roederer, a mesma dos
champanhes Cristal, que, segundo Rosas, a mantém com características de empresa familiar.
O licoroso vinho do Porto difere
dos outros porque sua fermentação é interrompida com o acréscimo de uma aguardente que mata
as leveduras responsáveis pela
transformação do açúcar em álcool. Assim, fica bem doce.
(MV)
Adriano Ramos Pinto - Av. Ramos Pinto, 380, Vila Nova de Gaia, tel.: 00/xx/
351/223/707-000; www.ramospinto.pt; ingresso: 2, com visita ao museu,
sessão de slides e degustação de vinho
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