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ACHADOS PERUANOS
Cada tipo de milho tem seu fim; uns só servem para ser fervidos, outros, encontram a glória na grelha
Espiga é cozida ou tostada e, ainda, pode virar suco
DA ENVIADA ESPECIAL AO PERU
Diante do mercado de Cusco,
na rua Cascaparo, 116-A, fica a
loja de milho de Paulina Velasco. Antes que se possa pensar
que o lugar venda só milhos, é
preciso lembrar que aqui é o
Peru, país que se orgulha de ter
dezenas de tipos do vegetal.
Logo na calçada da loja, ao
menos a variação de cores já é
identificável: há uma bacia com
espigas pretas, outra com espigas vermelhas e mais uma com
espigas brancas.
Olhando mais de perto, nota-se que há grãos com formato de
arroz, fininhos, e outros bem
gordos, que parecem dentes
molares e deixam o milho verde parecendo uma miniatura.
O mais caro de todos os milhos é o chulpi, descrito por Velasco como "lo más fino". Trata-se de uma espécie que cresce
apenas no vale Sagrado, onde
fica o rio Urubamba, o caminho
inca e Machu Picchu. Pequenino como o chulpi, o perlita deve
seu nome à cor. Tem cor de pérola. Velasco explica que ele é
mais usado como enfeite mesmo, mas que, se for para comer,
a melhor opção é tostá-lo.
Todos os tipos de milho têm
um fim, que em geral é ser tostado ou ser cozido.
O tipo oro ou, em quéchua,
kuellnsara, é bom só para ferver. O choclo, o mais comum,
que é branco e tem grãos grandes, também é melhor "sancochado", ou cozido. Já o chuspi,
que tem grãos de diversos tons,
em uma espiga de aparência
acidentada, só fica bom tostado. E o preto, ou morada, que
brilha no sol e parece o encontro entre um cacho de uvas-tintas e uma espiga, não é bom cozido nem tostado. Dele é feito
suco, ou, como os peruanos dizem, refresco.
(HELOISA LUPINACCI)
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