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ACHADOS PERUANOS
Cidadela recebe multidões de turistas, que lotam cada fresta do sítio; é possível planejar visita sem gente
Machu Picchu impressiona por estar dependurada
DA ENVIADA ESPECIAL AO PERU
São milhares de pessoas que
entram e saem de um trem em
Aguas Calientes; depois, de microônibus, rumam, hipnotizadas, para a entrada do sítio arqueológico. Lá, se separam em
grupos liderados por guias.
Não chega a ser um caos, apesar de por vezes ser necessário
esperar para se mover, dada a
densidade de visitantes.
Ainda assim, mesmo com tudo aquilo de gente, Machu Picchu é chocante -e é possível
evitar as multidões.
A cidadela impressiona acima de tudo por estar dependurada em um terreno muito escarpado, a 2.350 m de altitude,
com dois vales, um de cada lado. Em um deles, serpenteia o
esverdeado Urubamba, 600 m
abaixo, que dá nome à região.
Do outro lado, impõe-se o monte Waynapicchu.
Para quem chega de trem, o
ideal seria subir vendado à casinha de observação, que fica acima dos degraus de cultivo, logo
à esquerda da entrada. Como
isso não é possível, vale guardar
a ansiedade e subir sem espiar
para o lado direito, onde se vê a
cidadela. Uma vez lá em cima,
se avista todo o sítio. E é nessa
hora que fica difícil imaginar
como os incas trabalharam para erguer essas edificações.
Sem apelar para ajudas extraterrenas, os guias explicam
que a construção foi feita pelos
incas mesmo. Usando pedras
ali da região. De fato, mostram
até de onde foram extraídas
-uma engenhosidade só. Os
incas espetavam, nas frestas
das rachaduras das pedras, pedaços de pau e iam molhando
tudo. A madeira expandia e
causava a separação da rocha.
A construção de Machu Picchu começou em 1438, sob o comando do inca Pachacutec.
Acredita-se que ali era uma
universidade, onde as pessoas
estudavam, ou uma cidade para
a nobreza inca, com acomodação suficiente para todo o estafe necessário para manter a coisa funcionando. A área total do
sítio soma 326 quilômetros
quadrados. O sítio foi abandonado; em 1532, quando os espanhóis chegaram ali, estava totalmente desabitado.
A explicação mais comum
dos guias é que, devido a uma
epidemia de febre amarela que
acometeu os moradores da cidadela, eles rumaram para dentro da floresta para fazer uma
espécie de quarentena. Quando
decidiram voltar, os espanhóis
já estavam muito próximos dali. Para evitar que eles descobrissem o lugar -que deveria
ser protegido de qualquer forma de profanação-, os incas fecharam as portas com pedras e,
depois, partiram.
A cidadela é dividida em três
partes. Imagina-se que a agrícola, que fica logo à esquerda de
quem entra, é formada por
grandes terraços para plantação e encimada por uma casinha, era usada para garantir a
segurança do sítio. Quem vem
pela trilha inca chega por um
ponto acima dessa casinha. A
parte dos nobres e dos sacerdotes fica mais adiante. Ali há palácios, observatórios, templos e
casas. Embora os guias contem
histórias e dêem mil explicações, muitas vezes nada substitui andar com calma para poder
observar os detalhes sem ser
imediatamente informado de
que aquilo era supostamente
uma cama, um altar ou um relógio de sol.
(HELOISA LUPINACCI)
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