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CONTAGEM REGRESSIVA
Personagens guiam passeio pela cidade
Na hora de fazer as malas, deixe espaço para os livros em que as ruas cariocas aparecem como cenário
DA REDAÇÃO
A máxima de que ler é uma
forma de viajar sem sair do lugar pode muito bem ter nascido
de um leitor apaixonado por
Machado de Assis.
Mesmo quem nunca foi ao
Rio de Janeiro, ao ler o escritor
faz duas viagens: uma à cidade e
outra no tempo. Ao acompanhar a história de Bentinho e
Capitu em "Dom Casmurro"
(1899), por exemplo, o leitor
pode faz um passeio até a Lapa.
"Cheguei aos Arcos, entrei na
rua de Matacavalos. A casa não
era logo ali, mas muito além da
dos Inválidos, perto da do Senado", conta um trecho, cuja
primeira referência é da atual
rua Riachuelo.
Ou subir até o Corcovado pegando carona em um dos sonhos de Capitu. "Quando me
perguntava se sonhara com ela
na véspera, eu dizia que não,
ouvia-lhe contar que sonhara
comigo, e eram aventuras extraordinárias, que subíamos ao
Corcovado pelo ar, que dançávamos na lua [...]".
Com "Memórias Póstumas
de Brás Cubas" (1881) dá para
passear pelo centro: "No dia seguinte, mandei que a sege me
esperasse no largo de São Francisco de Paula, e fui dar várias
voltas". Ou acompanhar o batismo do finado: "[...] batizei-me na Igreja de São Domingos,
uma terça-feira de março [...]".
Quem for hoje à igreja de
mesmo nome na rua José Higino, na Tijuca, não estará no ambiente da cena. A que é citada
pelo personagem foi construída em 1791, na praça Tiradentes, mas demolida em 1942.
No mesmo livro há citações
da praia de Botafogo, do teatro
São Pedro, da rua do Ouvidor e
da capela do Livramento. Prova
de que, para experimentar um
roteiro diferente, na próxima
visita à cidade vale muito levar
à tiracolo um livro de Machado.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
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