São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Para Andraus, surfe na região está mais democrático hoje

DA REDAÇÃO

Se alguém perguntar para o surfista Reinaldo Andraus o que mais o marcou no ano de 1969 -quando ele tinha apenas 13 anos-, a resposta não terá nada a ver com o período de ditadura militar no Brasil. Nem com o festival de Woodstock. Nem com os primeiros passos do homem na Lua. Nem com o milésimo gol de Pelé.
"Foi nesse ano que eu ganhei a minha primeira prancha de surfe", conta Andraus, que conseguiu a proeza depois de quase três anos de campanha ferrenha junto aos pais, uma das famílias que já tinha imóveis no Guarujá no início dos anos 60.
Finalmente, o garoto deixaria de passar verões e finais de semana "gaivotando" na beira do mar, pelas praias de Pitangueiras e Astúrias.
O termo era usado pela mãe do menino, quando ela o avistava esperando, pacientemente, por uma prancha sem rumo dando sopa na praia.
Como naquela época as pranchas não tinham cordinha para amarrar no pulso, vira-e-mexe elas escapavam dos seus donos. "Aí eu pegava pra devolver, e aproveitava para ter a sensação de tê-la nas mãos", conta.
Sensação de tê-la nas mãos? Opa! Será que o tema da reportagem não ficou claro e ele resolveu contar sobre uma paixão de verão? Não, não. Ele entendeu muito bem. E sim, quando fala do surfe, Dragão -como começou a ser chamado depois de ter mandado desenhar uma figura parecida com o bicho na segunda prancha da sua vida- pensa em uma paixão de verão.
Tão grande que o acompanha até hoje. Não somente nos finais de semana em que pipoca no Guarujá para pegar ondas com os mesmos amigos feitos quando era criança.
Também não só por gostar de passar horas relembrando dos finais de tarde em que a turma se reunia no centrinho do Guarujá, em frente ao Cine Praiano -hoje uma casa de boliche- para tomar sorvete e paquerar as fãs dos moços cabeludos.
"Minha carreira foi toda voltada ao surfe", diz. Depois de se formar em administração, Dragão recebeu convite para trabalhar em uma revista especializada. E optou por seguir carreira nesse tipo de publicação.
Levar o surfe para a vida profissional, ele conta, foi algo bastante comum aos integrantes das primeiras gerações de surfe do Guarujá. "Por exemplo, o Thyola Chiarella é fabricante de pranchas. O irmão dele, o Madinho, tem uma confecção. O Sidão lançou a OP..."
Quando falou com o caderno de Turismo, Dragão tinha acabado de voltar de outro final de semana no Guarujá. Nesses 40 anos, o que mudou por lá? "Antes tinha só "filhinho de papai" e todo mundo conhecia todo mundo. Agora popularizou. Mas é bom... Mostra que no surfe não tem segregação." (PPR)


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