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ORIENTE-SE
Após a Olimpíada, megalópole floresceu
Veículos tomaram as ruas, apartamentos mudaram e trem-bala passou a cortar o Japão a 300 km/h
DO ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
Metrópole "high-tech", Tóquio muda constantemente seu
perfil. Viveu, ao longo da história, momentos tristes, de ascensão do militarismo, e alegres, de pujança econômica,
sem perder a personalidade.
Do período Edo aos dias de
hoje, uma das últimas fases de
grande transformação foi marcada pela Olimpíada de 1964. A
capital pôde, assim, mostrar
sua face ultracontemporânea.
Os veículos tomaram as ruas,
o trem-bala "shinkansen" passou a cortar o país a 300 km/h,
os apartamentos de madeira
foram substituídos por modernos prédios de alvenaria.
Com o progresso acelerado,
os japoneses sinalizaram que se
transformavam em samurais
da economia. Mas logo vieram
os problemas urbanos, como a
poluição e a superpopulação.
Firmaram-se, porém, as
grandes marcas e conglomerados, a indústria eletroeletrônica se solidificou, os arranha-céus à prova de terremotos espelharam a paz e o progresso.
História atribulada
Às margens do rio Sumida, a
cidade já existia em 1590, quando Tokugawa Iewassu fez sua
base em Edo, edificando uma
fortaleza e tornando o local um
centro econômico e comercial.
Mas Tóquio ganhou definitivamente lugar de destaque no
Império do Sol Nascente ao
substituir Kyoto como capital
do Japão, em 1868, com o advento da dinastia Meiji.
Viu então seu castelo de Edo
(nome antigo de Tóquio) virar
o atual palácio imperial.
Da ocidentalização do período Meiji -entre 1868 e 1912-
até a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), a cidade refletiu a
atribulada história japonesa.
Viveu as mazelas da Grande
Depressão de 1929, incorporou
subúrbios em 1932, engajou-se
em uma guerra contra a China
em 1937.
Marchas e contramarchas
No período Meiji, quando a
capital passou a se chamar Tóquio (literalmente, "a leste da
capital"), tomando o lugar de
Kyoto ("capital, ela mesma"), o
Japão era um país fechado. Estrangeiros como Edward
Sylvester Morse (1838-1925)
eram raros -e não raro, eram
deslumbrados com o fosso cultural entre Oriente e Ocidente.
No século 19, o governo, belicoso, ali produzia barcos de
guerra, máquinas, cimento e
pólvora. Nas guerras Sino-Japonesa e Russo-Japonesa, novas indústrias surgiram.
Chacoalhada pelo grande
terremoto Kanto, em 1923, Tóquio renasceu numa época em
que o país se debatia entre o expansionismo militarista e a
abertura para o mundo.
Veio a Segunda Guerra e, até
a rendição do Japão, em 1945, a
cidade viveu episódios tristes,
como a contada no museu Edo-Tóquio. A fome grassava e o tratador de animais do zôo decidiu
que o elefante seria envenenado. Após recusar, por 18 dias, as
batatas envenenadas de sua minúscula ração, o animal morreu
de inanição, em 1943.
Com o fim da Segunda Guerra e da ocupação norte-americana, teve início a fase de progresso econômico, bem exemplificada na biografia de Akio
Morita. Autor de "Made in Japan", esse industrial fundou a
Sony, em 1946, dizendo "o consumidor deve dizer o que a fábrica deve produzir". Morita fabricava panelas elétricas para
arroz, inventou o walkman nos
anos 1970 e, hoje, a Sony é uma
vigorosa multinacional.
(SC)
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