São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

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ORIENTE-SE

Após a Olimpíada, megalópole floresceu

Veículos tomaram as ruas, apartamentos mudaram e trem-bala passou a cortar o Japão a 300 km/h

DO ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Metrópole "high-tech", Tóquio muda constantemente seu perfil. Viveu, ao longo da história, momentos tristes, de ascensão do militarismo, e alegres, de pujança econômica, sem perder a personalidade.
Do período Edo aos dias de hoje, uma das últimas fases de grande transformação foi marcada pela Olimpíada de 1964. A capital pôde, assim, mostrar sua face ultracontemporânea.
Os veículos tomaram as ruas, o trem-bala "shinkansen" passou a cortar o país a 300 km/h, os apartamentos de madeira foram substituídos por modernos prédios de alvenaria.
Com o progresso acelerado, os japoneses sinalizaram que se transformavam em samurais da economia. Mas logo vieram os problemas urbanos, como a poluição e a superpopulação.
Firmaram-se, porém, as grandes marcas e conglomerados, a indústria eletroeletrônica se solidificou, os arranha-céus à prova de terremotos espelharam a paz e o progresso.

História atribulada
Às margens do rio Sumida, a cidade já existia em 1590, quando Tokugawa Iewassu fez sua base em Edo, edificando uma fortaleza e tornando o local um centro econômico e comercial.
Mas Tóquio ganhou definitivamente lugar de destaque no Império do Sol Nascente ao substituir Kyoto como capital do Japão, em 1868, com o advento da dinastia Meiji.
Viu então seu castelo de Edo (nome antigo de Tóquio) virar o atual palácio imperial.
Da ocidentalização do período Meiji -entre 1868 e 1912- até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a cidade refletiu a atribulada história japonesa.
Viveu as mazelas da Grande Depressão de 1929, incorporou subúrbios em 1932, engajou-se em uma guerra contra a China em 1937.

Marchas e contramarchas
No período Meiji, quando a capital passou a se chamar Tóquio (literalmente, "a leste da capital"), tomando o lugar de Kyoto ("capital, ela mesma"), o Japão era um país fechado. Estrangeiros como Edward Sylvester Morse (1838-1925) eram raros -e não raro, eram deslumbrados com o fosso cultural entre Oriente e Ocidente.
No século 19, o governo, belicoso, ali produzia barcos de guerra, máquinas, cimento e pólvora. Nas guerras Sino-Japonesa e Russo-Japonesa, novas indústrias surgiram.
Chacoalhada pelo grande terremoto Kanto, em 1923, Tóquio renasceu numa época em que o país se debatia entre o expansionismo militarista e a abertura para o mundo.
Veio a Segunda Guerra e, até a rendição do Japão, em 1945, a cidade viveu episódios tristes, como a contada no museu Edo-Tóquio. A fome grassava e o tratador de animais do zôo decidiu que o elefante seria envenenado. Após recusar, por 18 dias, as batatas envenenadas de sua minúscula ração, o animal morreu de inanição, em 1943.
Com o fim da Segunda Guerra e da ocupação norte-americana, teve início a fase de progresso econômico, bem exemplificada na biografia de Akio Morita. Autor de "Made in Japan", esse industrial fundou a Sony, em 1946, dizendo "o consumidor deve dizer o que a fábrica deve produzir". Morita fabricava panelas elétricas para arroz, inventou o walkman nos anos 1970 e, hoje, a Sony é uma vigorosa multinacional. (SC)


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