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TURISTA APRENDIZ
Contato com moradores da Amazônia, de Cubatão e de Goiás desperta alunos para outras realidades
Nativos habitam memória de estudantes
DA REPORTAGEM LOCAL
A convivência de três dias com
a comunidade ribeirinha de Vila
Manaus deve ficar para sempre na
memória de Artur Sartori Kon,
15, que viajou para Amazônia em
julho do ano passado com o Colégio Santa Cruz. "É impressionante como eles vivem uma vida tão
diferente e ao mesmo tempo são
tão parecidos com a gente." O
contato com moradores das regiões visitadas é um dos aspectos
que mais impressionam os alunos
nas viagens de estudo do meio.
"Eles brincavam e falavam como a gente, embora com outras
palavras, e tinham os mesmos interesses", diz Artur, lembrando
que toda tarde os jovens paulistanos e amazonenses jogavam futebol juntos. Ele conta que estava
preparado para perceber as diferenças do povoado, mas não esperava encontrar semelhanças.
Artur também ficou impressionado com a dança dos nativos. "Eles
dançam muito rápido e por muito
tempo. A gente ficava exausto."
A turma ainda visitou uma comunidade que extrai madeira de
forma planejada e uma fábrica de
soja que, segundo Artur, não tem
controle sobre a produção nem
preocupação ambiental. "O contraste entre os dois é chocante."
Já o choque de Leika Ejiri, 16, do
Colégio Bandeirantes, que também foi à Amazônia no ano passado, foi com o desmatamento da
região, sobre o qual ela escreveu
um texto no site da escola. "Do
avião, dava para ver vários lugares
sem nada. E dava muita dó, principalmente depois que você vê como é a floresta de verdade."
Também a estudante Ana de
Oliveira Fanucchi, 17, do Colégio
Equipe, se surpreendeu com um
impacto ambiental, porém mais
próximo, em Cubatão. Trata-se
da conseqüência das indústrias na
vida dos moradores. "A gente ouviu muitas histórias tristes e ficou
muito mal", conta, dizendo que
os habitantes choravam ao conversar com os estudantes.
Ana é bem experiente em viagens pedagógicas. Quando estudava na Escola da Vila, foi para o
Sítio do Carroção, o acampamento Paiol Grande, o Petar, Parati e
Cananéia. Com os colegas do
Equipe, viajou para Tiradentes,
Ribeirão Preto e Cubatão.
Com um "currículo" que inclui
diversas saídas envolvendo muito
lazer, Ana diz ter gostado mais da
viagem para Cubatão, onde mal
teve tempo de se divertir, mas
aprendeu muito. Em Ribeirão
Preto, entrevistou trabalhadores
de canaviais e estudou sobre a indústria açucareira. "É importante
entrevistar a população de outras
cidades. Abre a nossa cabeça."
A estudante Vera Bain, 15, concorda com Ana. No ano passado,
a aluna do colégio I. L. Peretz entrevistou o senador Eduardo Suplicy em Brasília e conversou com
uma moradora da comunidade
Kalunga, remanescente de um
quilombo, no nordeste de Goiás.
"A vida deles [kalungas] é boa.
Eles têm tudo o que precisam:
animais, casas, comida, amigos."
Ela ficou impressionada com o
isolamento dessas pessoas, que só
se misturaram com outras comunidades recentemente, e achou
engraçada a seguinte fala de uma
quilombola: "Eu fumo para espantar os males e as doenças."
(MARISTELA DO VALLE)
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