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MODERNA E TRADICIONAL
Construções como o novo aeroporto e o prédio da CCTV são convincentes demonstrações de progresso
Pequim coloca arquitetura contemporânea no roteiro
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Com a Grande Muralha e a
Cidade Proibida como cartões-postais, surpreende que a arquitetura contemporânea possa estar no topo de qualquer roteiro na capital chinesa.
Mas o atual Partido Comunista, com os antigos imperadores, sabem que construções
ousadas e gigantes são convincentes demonstrações de progresso para seus súditos.
O novo aeroporto, que lembra a cauda de um dragão desenhado pelo arquiteto britânico
Norman Foster (com orçamento de US$ 3,6 bi), é o cartão de
boas-vindas.
Pela cidade, há a polêmica
nova ópera, um ovo revestido
de titânio enterrado em um largo artificial - saído da prancheta do francês Paul Andreu
(US$ 400 milhões), e o Estádio
Olímpico, Ninho de Passarinho, assinado pelos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron (US$ 430 mi).
Ainda incompleta, a nova sede da rede estatal CCTV provoca deslocamento do queixo. São
duas torres de 54 andares inclinadas, que criam um arco distorcido unido nas alturas e na
base, saído da mente fértil do
holandês Rem Koolhaas (a
obra deve sair por US$ 1 bilhão)
Mesmo depois da euforia
olímpica, que ainda rendeu o
ginásio de natação "Cubo d'água" (do escritório australiano
PTW), novos prédios não param de ser acrescentados à paisagem urbana, como a nova Biblioteca Nacional, do escritório
alemão Engel e Zimmermann,
e o Museu da Capital, do francês Jean-Marie Duthilleul.
Essas obras foram feitas por
concurso internacional. Depois
de décadas de isolamento e crise econômica, os comunistas
deixaram o nacionalismo de lado e foram atrás dos melhores
arquitetos do mundo. Jovens
chineses colaboram com as estrelas internacionais, maneira
local de transferir expertise.
Arquitetura pirata
Com tantas obras icônicas, a
arquitetura já deixou os gabinetes palacianos e foi adotada
entre os construtores da nova
China. Dos edifícios residenciais e de escritórios aos shopping centers, o que for convencional (ou passadista) está praticamente vetado.
O conglomerado empresarial
Poly Group construiu sua nova
sede de 100 mil metros quadrados com o escritório americano
SOM. Sem nenhuma coluna, o
lobby é iluminado naturalmente por uma cortina de vidro de
90 metros de altura.
Quase vizinha, a sede da
companhia petrolífera
CNOOC, do escritório americano KPF, lembra a proa de um
navio (ou um barril de petróleo
feito de vidro, segundo a observação popular).
A atual tendência que se espalha em Pequim é a de grandes complexos que misturam
apartamentos e escritórios,
com restaurantes e lojas no térreo (como o paulistano Conjunto Nacional, na avenida
Paulista, em São Paulo).
A construtora MoMa fez um
condomínio de oito torres ligadas por pontes com o americano Steven Holl e sua concorrente, Soho, já fez seis desses
complexos, onde não há muros
ou grades - as áreas internas e
ajardinadas se misturam com o
espaço público.
A mesma empreiteira fez o
primeiro complexo arquitetônico que colocou a China no
mapa da arquitetura contemporânea Mundial, na vizinhança da Grande Muralha, em Badaling, a 70 km de Pequim.
Chamado de "Comuna da
Grande Muralha", é um conjunto de 12 casas desenhadas
por grandes arquitetos asiáticos, como os japoneses Shigeru
Ban e Kengo Kuma.
A obra foi premiada com o
Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza e virou um
hotel seis estrelas. Empolgados
com o sucesso da obra, os empreiteiros não tiveram dúvida:
construíram 12 réplicas, de
qualidade muito inferior, no
terreno, para poder abrigar
mais hóspedes. Sinal de sua grife, a arquitetura já é pirateada
em Pequim.
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