São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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SOBE-E-DESCE

Com câmbio estável, roteiros ao exterior voltarão a crescer

Para programar rota internacional, problema não é só o dólar estar alto ou baixo, mas suas idas e vindas

DA REPORTAGEM LOCAL

Um pacote de viagem a US$ 500 -há opções próximas a esse valor para passar três dias em Buenos Aires, com aéreo, nas agências Soft Travel (www.softtravel.com.br) e RCA Tours (www.rcatours.com.br) -custou R$ 1.060 na segunda-feira -quando o dólar fechou a R$ 2,12.
Se comprado na mesma data (20/10) do ano passado, ele teria saído R$ 160 mais barato, por R$ 900. Naquele dia, a moeda americana fechou a R$ 1,80. Para Leonel Rossi Junior, diretor de assuntos internacionais da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem), mesmo considerável, a diferença -de 17,8%- não seria suficiente para fazer com que o turista desistisse da viagem.
A decisão de viajar para o exterior deixou de passar somente por questões de tempo e grana. Segundo ele, com a crise global em destaque, agora ela passa também por uma questão psicológica. "No ano passado o dólar chegou a R$ 2 e todo mundo estava viajando. O que está fazendo as pessoas repensarem seus planos não é o dólar alto ou baixo. O problema é o dólar instável", afirma.
O clima de incerteza, segundo estimativas da própria Abav, fez com que houvesse uma migração ao redor de 10% do mercado de viagem internacional para o nacional, mas a tendência é que aos poucos os pacotes para destinos fora do país voltem aos planos dos brasileiros.
"Metade dos pacotes para este final de ano já tinham sido vendidos antes do anúncio oficial da crise. O dólar vai se estabilizar e as pessoas vão se acostumar ao patamar em que ele estiver, que não deve ser nenhum absurdo", diz Rossi.
Ele acredita em dois cenários possíveis ainda para este ano: um de estabilidade da moeda americana em aproximadamente R$ 2,10. E outro, de estabilidade em torno de R$ 1,95.
Alcides Leite, professor de mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios, concorda e estima que a queda seja até um pouco maior. "O dólar ficará por volta de R$ 1,82 assim que o auge da crise passar, daqui mais uns 30 dias", diz.
Leite explica que o dólar funciona como uma mercadoria: se há mais oferta do que procura, o preço sobe. "Antes da crise havia mais oferta por causa do grande volume de investimentos estrangeiros que começaram a ser feitos no Brasil. Agora ocorre o contrário".
Como muitos investidores estão precisando tirar dinheiro daqui para honrar compromissos assumidos lá fora, está saindo mais dólar do que entrando. "Por isso ele subiu", diz Leite.

Com que dólar eu vou?
O dólar comercial é o governamental. Ele tem uma diferença mínima entre os valores de compra e venda e é usado em transações de comércio exterior. Segundo Leonel Rossi Junior, no setor de turismo o dólar que mais se aproxima do dólar comercial é o de emissão de bilhete aéreo internacional.
"Ele chamado de Iata", diz. Já o dólar turismo é, como o nome sugere, usado em casas de câmbio, compras de traveler cheques e agências de viagem.
Em cima dessa cotação, cada operadora estabelece o seu próprio câmbio. "A agência coloca um valor maior porque tem de fazer a remessa desse dinheiro para o exterior. E essa remessa tem um custo", explica.
É também necessária uma rede de proteção para as agências no caso de o dólar subir demais nos dias seguintes. "Se a operadora vendeu um pacote com o dólar a R$ 1,80 e ele foi a R$ 2,30, ela precisará de recursos para eventuais coberturas".

E o euro?
Para Leite, a tendência é a de que o euro permaneça numa certa paridade com o dólar. "As duas moedas vão recuar um pouco em relação ao real e ir para a Europa deve ficar mais fácil do que está agora, mas um pouco mais difícil do que estava há seis meses.
Com a queda do turismo na Europa, os preços podem até cair um pouco. "Vale ficar atento às promoções que podem ser usadas pelo setor para atrair turistas e tentar amenizar os prováveis efeitos da crise", diz.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)


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