|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOBE-E-DESCE
Com câmbio estável, roteiros ao exterior voltarão a crescer
Para programar rota internacional, problema não é só o dólar estar alto ou baixo, mas suas idas e vindas
DA REPORTAGEM LOCAL
Um pacote de viagem a US$
500 -há opções próximas a esse valor para passar três dias
em Buenos Aires, com aéreo,
nas agências Soft Travel
(www.softtravel.com.br) e
RCA Tours (www.rcatours.com.br) -custou R$
1.060 na segunda-feira -quando o dólar fechou a R$ 2,12.
Se comprado na mesma data
(20/10) do ano passado, ele teria saído R$ 160 mais barato,
por R$ 900. Naquele dia, a
moeda americana fechou a R$
1,80. Para Leonel Rossi Junior,
diretor de assuntos internacionais da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem),
mesmo considerável, a diferença -de 17,8%- não seria suficiente para fazer com que o turista desistisse da viagem.
A decisão de viajar para o exterior deixou de passar somente por questões de tempo e grana. Segundo ele, com a crise
global em destaque, agora ela
passa também por uma questão
psicológica. "No ano passado o
dólar chegou a R$ 2 e todo
mundo estava viajando. O que
está fazendo as pessoas repensarem seus planos não é o dólar
alto ou baixo. O problema é o
dólar instável", afirma.
O clima de incerteza, segundo estimativas da própria Abav,
fez com que houvesse uma migração ao redor de 10% do mercado de viagem internacional
para o nacional, mas a tendência é que aos poucos os pacotes
para destinos fora do país voltem aos planos dos brasileiros.
"Metade dos pacotes para este final de ano já tinham sido
vendidos antes do anúncio oficial da crise. O dólar vai se estabilizar e as pessoas vão se acostumar ao patamar em que ele
estiver, que não deve ser nenhum absurdo", diz Rossi.
Ele acredita em dois cenários
possíveis ainda para este ano:
um de estabilidade da moeda
americana em aproximadamente R$ 2,10. E outro, de estabilidade em torno de R$ 1,95.
Alcides Leite, professor de
mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios, concorda e estima que a queda seja
até um pouco maior. "O dólar
ficará por volta de R$ 1,82 assim que o auge da crise passar,
daqui mais uns 30 dias", diz.
Leite explica que o dólar funciona como uma mercadoria: se
há mais oferta do que procura,
o preço sobe. "Antes da crise
havia mais oferta por causa do
grande volume de investimentos estrangeiros que começaram a ser feitos no Brasil. Agora
ocorre o contrário".
Como muitos investidores
estão precisando tirar dinheiro
daqui para honrar compromissos assumidos lá fora, está saindo mais dólar do que entrando.
"Por isso ele subiu", diz Leite.
Com que dólar eu vou?
O dólar comercial é o governamental. Ele tem uma diferença mínima entre os valores
de compra e venda e é usado em
transações de comércio exterior. Segundo Leonel Rossi Junior, no setor de turismo o dólar que mais se aproxima do dólar comercial é o de emissão de
bilhete aéreo internacional.
"Ele chamado de Iata", diz. Já o
dólar turismo é, como o nome
sugere, usado em casas de câmbio, compras de traveler cheques e agências de viagem.
Em cima dessa cotação, cada
operadora estabelece o seu próprio câmbio. "A agência coloca
um valor maior porque tem de
fazer a remessa desse dinheiro
para o exterior. E essa remessa
tem um custo", explica.
É também necessária uma
rede de proteção para as agências no caso de o dólar subir demais nos dias seguintes. "Se a
operadora vendeu um pacote
com o dólar a R$ 1,80 e ele foi a
R$ 2,30, ela precisará de recursos para eventuais coberturas".
E o euro?
Para Leite, a tendência é a de
que o euro permaneça numa
certa paridade com o dólar. "As
duas moedas vão recuar um
pouco em relação ao real e ir
para a Europa deve ficar mais
fácil do que está agora, mas um
pouco mais difícil do que estava
há seis meses.
Com a queda do turismo na
Europa, os preços podem até
cair um pouco. "Vale ficar atento às promoções que podem ser
usadas pelo setor para atrair turistas e tentar amenizar os prováveis efeitos da crise", diz.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
Texto Anterior: Dólar estável entre R$ 2 e R$ 2,20 não estraga as férias, dizem especialistas Próximo Texto: Sobe-e-desce: Escolher o dinheiro certo para a viagem ajuda planejamento Índice
|