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SERRA GAÚCHA
Eventos de direito são chamarizes de baladeiros
Em junho, três encontros jurídicos reúnem cerca de 8.000 pessoas, muitas de outras especialidades
DO ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO (RS)
O carro passa pelo centro. No
banco de trás, duas meninas levantam o vidro e abaixam a blusa, para contrariedade ou felicidade (e com certeza surpresa,
porque está frio) dos passantes.
É o que o funcionário de um
hotel da cidade conta ter visto
em um congresso de direito em
2006, questionado sobre a fama de festeiro dos encontros e
que tais jurídicos em Gramado.
Esses eventos ligados ao direito, por aquelas bandas, tendem a reunir mais pândegos
que os demais. O hotel em que o
funcionário trabalha sofreu
avarias de hóspedes irrequietos
apenas nessas oportunidades.
Não exatamente uma aglomeração de casas noturnas,
Gramado geralmente induz à
introspecção, à glutonaria, a
passeios preguiçosos. Mas nem
sempre. "No sul do Brasil você
entra na faculdade de direito e
"tem que ir" a Gramado. Aqui
em Florianópolis é quase regra", diz o universitário João
Gabriel Pimenta, que já foi duas
vezes e agora organiza uma excursão "estilo Oktoberfest, com
bebida no ônibus e tal" para lá.
Somando um encontro de
menor porte, são três eventos,
todos em junho. Cerca de 8.000
pessoas comparecem a eles.
O site oficial de um simpósio
convida o visitante a participar
de uma comunidade no Orkut.
Na comunidade, predominam
links especulando sobre as festas, inclusive a de encerramento, que junta até 3.000 pessoas.
Este repórter esteve em um
desses congressos. Havia inúmeras pessoas que não cursavam direito, imantadas pelo clima que toma conta da cidade. E
havia centenas que cursavam.
Mas muitas dessas não estavam
inscritas -alegando que a taxa
de inscrição (variável, mas
sempre próxima de R$ 100) poderia ser convertida em festas.
À tarde, no hotel onde ficavam os anfiteatros, havia mais
gente fora do que dentro da palestra. A organização oferecia
cafés e excelentes bolachas doces. O tom das conversas era de
balada. Motoristas passavam
devagar para observar o movimento, como acontece na frente das casas noturnas.
Mais tarde, a casa noturna
propriamente dita -Bill Bar, a
mais notória de Gramado- estava abarrotada.
A excursão de Pimenta, pelo
menos, tem bastante potenciais inscritos: é composta 90%
por alunos de direito, juízes e
advogados. As vagas esgotaram
há dois meses.
(THIAGO MOMM)
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