São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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LEGADO RUSSO

Sede do Executivo abriga restos de Stálin e de Gagarin, além do mausoléu de Lênin, que trocou de terno em 99

Butiques estrangeiras rodeiam Kremlin

DO ENVIADO ESPECIAL À RÚSSIA

A palavra "vermelho" em russo é uma cor, mas como adjetivo também equivale a "bonito". É por isso que a praça Vermelha -denominação que vem do século 17- nada tem a ver com sangue ou com o comunismo.
Ela está localizada junto ao Kremlin, cidadela cercada por muralhas medievais avermelhadas, com 19 torres, que abriga desde priscas eras o poder secular e religioso na Rússia.
A região é um conhecido cartão-postal, com a catedral de São Basílio e suas torres coloridas e ainda o GUM (Gosudarstvenny Universalni Magazin, ou Loja de Departamento do Governo), prédio em três níveis e imensas galerias paralelas, há 12 anos vitrinas da pobreza dos bens de consumo russos e hoje ocupadas por butiques de marcas estrangeiras.
O Kremlin, do século 10º, é ainda usado como sede do Executivo da Federação Russa. São poucas as dependências abertas ao turista. De imperdível há a Armaria, erguida no século 19 para abrigar os tesouros dos czares e da Igreja Ortodoxa e as catedrais e igrejas (Arcanjo, Anunciação, Assunção), em torno de uma pracinha.
Lênin continua em seu mausoléu, com roupas novas -ganhou novo terno e gravata em 1999- e objeto de controvérsias infinitas sobre se deve ou não abandonar sua urna de cristal e ser enterrado junto a sua mãe, em São Petersburgo. Mas, por via das dúvidas, o museu Central que levava seu nome foi fechado em 1993.
Atrás do mausoléu, junto às muralhas, estão as cinzas e os túmulos de algumas celebridades do socialismo real, a começar pelo próprio Stálin, além de Leonid Brejnev, um de seus sucessores, e ainda Iuri Gagarin, o primeiro homem a fazer uma viagem ao espaço, em 12 de abril de 1961, e a passar por rádio a mensagem extasiada: "A Terra é azul".
Para quem gosta de artes plásticas e se predispõe a lindas surpresas, é fundamental dar um pulo no museu Púshkin. É um Hermitage em miniatura. Não se comova gratuitamente com as 27 esculturas de Michelangelo (Pietà, Moisés). São todas reproduções.
Mas comova-se à vontade com o acervo de pinturas. É espantoso, por exemplo, que ali estejam reunidas quatro telas fundamentais da fase azul de Picasso, ou as mais representativas dos anos que Gauguin passou na Polinésia.
Não é imprudente andar pelo centro da cidade a pé, desacompanhado. E presenciar curiosidades incríveis, como os casais de noivos que, ao saírem da cerimônia na igreja, colocam flores no túmulo do Soldado Desconhecido e se fazem fotografar no local.
É prudente excursionar por Moscou com ônibus de turistas. Não que os batedores de carteira sejam mais numerosos ou mais malvados que os de São Paulo ou os do Rio. É mais vulnerável, no entanto, a situação da vítima num país estrangeiro. (JBN)


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