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LEGADO RUSSO
Sede do Executivo abriga restos de Stálin e de Gagarin, além do mausoléu de Lênin, que trocou de terno em 99
Butiques estrangeiras rodeiam Kremlin
DO ENVIADO ESPECIAL À RÚSSIA
A palavra "vermelho" em russo
é uma cor, mas como adjetivo
também equivale a "bonito". É
por isso que a praça Vermelha
-denominação que vem do século 17- nada tem a ver com
sangue ou com o comunismo.
Ela está localizada junto ao
Kremlin, cidadela cercada por
muralhas medievais avermelhadas, com 19 torres, que abriga desde priscas eras o poder secular e
religioso na Rússia.
A região é um conhecido cartão-postal, com a catedral de São
Basílio e suas torres coloridas e
ainda o GUM (Gosudarstvenny
Universalni Magazin, ou Loja de
Departamento do Governo), prédio em três níveis e imensas galerias paralelas, há 12 anos vitrinas
da pobreza dos bens de consumo
russos e hoje ocupadas por butiques de marcas estrangeiras.
O Kremlin, do século 10º, é ainda usado como sede do Executivo
da Federação Russa. São poucas
as dependências abertas ao turista. De imperdível há a Armaria,
erguida no século 19 para abrigar
os tesouros dos czares e da Igreja
Ortodoxa e as catedrais e igrejas
(Arcanjo, Anunciação, Assunção), em torno de uma pracinha.
Lênin continua em seu mausoléu, com roupas novas -ganhou
novo terno e gravata em 1999- e
objeto de controvérsias infinitas
sobre se deve ou não abandonar
sua urna de cristal e ser enterrado
junto a sua mãe, em São Petersburgo. Mas, por via das dúvidas, o
museu Central que levava seu nome foi fechado em 1993.
Atrás do mausoléu, junto às
muralhas, estão as cinzas e os túmulos de algumas celebridades
do socialismo real, a começar pelo
próprio Stálin, além de Leonid
Brejnev, um de seus sucessores, e
ainda Iuri Gagarin, o primeiro homem a fazer uma viagem ao espaço, em 12 de abril de 1961, e a passar por rádio a mensagem extasiada: "A Terra é azul".
Para quem gosta de artes plásticas e se predispõe a lindas surpresas, é fundamental dar um pulo
no museu Púshkin. É um Hermitage em miniatura. Não se comova gratuitamente com as 27 esculturas de Michelangelo (Pietà,
Moisés). São todas reproduções.
Mas comova-se à vontade com
o acervo de pinturas. É espantoso,
por exemplo, que ali estejam reunidas quatro telas fundamentais
da fase azul de Picasso, ou as mais
representativas dos anos que
Gauguin passou na Polinésia.
Não é imprudente andar pelo
centro da cidade a pé, desacompanhado. E presenciar curiosidades incríveis, como os casais de
noivos que, ao saírem da cerimônia na igreja, colocam flores no
túmulo do Soldado Desconhecido e se fazem fotografar no local.
É prudente excursionar por
Moscou com ônibus de turistas.
Não que os batedores de carteira
sejam mais numerosos ou mais
malvados que os de São Paulo ou
os do Rio. É mais vulnerável, no
entanto, a situação da vítima num
país estrangeiro.
(JBN)
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