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ECOTURISMO
Em Serranópolis, piscinas naturais e sinais dos primeiros habitantes do cerrado tomam o dia do visitante
Galeria de pinturas rupestres orna planalto
Paulo Daniel Farah/Folha Imagem
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Cachoeira do Diogo, perto de Serranópolis, no sudoeste do Estado |
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM GOIÁS
A 372 km de Goiânia, Serranópolis possui um dos mais importantes patrimônios arqueológicos
do continente americano. Testemunha das primeiras ocupações
humanas do cerrado, a região
abrigou cerca de 550 gerações indígenas que utilizaram suas grutas como moradia.
A reserva natural Pousada das
Araras, localizada no município,
possui pinturas rupestres, materiais líticos e ossadas que datam
de até aproximadamente 11 mil
anos. O estado de conservação
das pinturas é bom, pela posição
privilegiada e pelo cuidado dos
donos da área. Em propriedades
próximas, também há pinturas e
vestígios de presença humana,
mas o descaso e a chuva prejudicam o patrimônio arqueológico.
As pinturas, que representam
sobretudo animais típicos da região, além de algumas cenas do
cotidiano e outras que possivelmente retratam crenças religiosas, são feitas de óxido de ferro, de
argila e de carvão, misturados
com gordura vegetal ou animal.
Segundo Horieste Gomes, geógrafo que trabalha no Memorial
do Cerrado, em Goiânia, o esqueleto humano mais antigo da América do Sul foi encontrado nos arredores de Serranópolis, na chamada gruta do Diogo. O local, que
fica em uma propriedade particular, não possui identificação adequada e está praticamente abandonado.
"Desmataram aquela região, e a
chuva e o sol também destruíram
a gruta", afirma o naturalista Binômino da Costa Lima, 73, o "seu
Meco" (o apelido viria de "mec"/
moleque, dado por franceses),
descrito por diversos pesquisadores goianos como um "sábio do
cerrado".
Os estudos sistematizados sobre
Serranópolis e sua circunvizinhança se iniciaram em 1975. O
museu local, apesar de pequeno,
possui algumas explicações claras
que poderiam ser aproveitadas
pelos guias da região.
Cachoeiras, trilhas e lagoas
Há belas cachoeiras na região,
algumas com acesso simples e
boas para banho e rapel; outras
permitem apenas a apreciação visual. Há ainda cerca de 40 lagoas e
rios de tamanhos diversos nessa
área de Serranópolis.
Pode-se aliar as visitas aos sítios
arqueológicos a trilhas. Na reserva da Pousada das Araras, as trilhas permitem observar a biodiversidade de plantas (muitas medicinais) e animais nessa parte do
cerrado. O programa pode incluir
um banho na piscina natural,
com peixes e plantas aquáticas, e
o pôr-do-sol no paredão ou em
uma rocha próxima às pinturas
rupestres. Para quem dormir no
local, um dos melhores horários
para observar pássaros, como a
arara, o papagaio, a curucaca e o
gavião, é de manhã, pouco antes
do nascer do sol.
Próxima ao local, a aldeia ecológica Guardiões do Cerrado oferece cursos, banhos especiais e terapias. (PAULO DANIEL FARAH)
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