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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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ECOTURISMO
Em Serranópolis, piscinas naturais e sinais dos primeiros habitantes do cerrado tomam o dia do visitante

Galeria de pinturas rupestres orna planalto

Paulo Daniel Farah/Folha Imagem
Cachoeira do Diogo, perto de Serranópolis, no sudoeste do Estado


ESPECIAL PARA A FOLHA, EM GOIÁS

A 372 km de Goiânia, Serranópolis possui um dos mais importantes patrimônios arqueológicos do continente americano. Testemunha das primeiras ocupações humanas do cerrado, a região abrigou cerca de 550 gerações indígenas que utilizaram suas grutas como moradia.
A reserva natural Pousada das Araras, localizada no município, possui pinturas rupestres, materiais líticos e ossadas que datam de até aproximadamente 11 mil anos. O estado de conservação das pinturas é bom, pela posição privilegiada e pelo cuidado dos donos da área. Em propriedades próximas, também há pinturas e vestígios de presença humana, mas o descaso e a chuva prejudicam o patrimônio arqueológico.
As pinturas, que representam sobretudo animais típicos da região, além de algumas cenas do cotidiano e outras que possivelmente retratam crenças religiosas, são feitas de óxido de ferro, de argila e de carvão, misturados com gordura vegetal ou animal.
Segundo Horieste Gomes, geógrafo que trabalha no Memorial do Cerrado, em Goiânia, o esqueleto humano mais antigo da América do Sul foi encontrado nos arredores de Serranópolis, na chamada gruta do Diogo. O local, que fica em uma propriedade particular, não possui identificação adequada e está praticamente abandonado.
"Desmataram aquela região, e a chuva e o sol também destruíram a gruta", afirma o naturalista Binômino da Costa Lima, 73, o "seu Meco" (o apelido viria de "mec"/ moleque, dado por franceses), descrito por diversos pesquisadores goianos como um "sábio do cerrado".
Os estudos sistematizados sobre Serranópolis e sua circunvizinhança se iniciaram em 1975. O museu local, apesar de pequeno, possui algumas explicações claras que poderiam ser aproveitadas pelos guias da região.

Cachoeiras, trilhas e lagoas
Há belas cachoeiras na região, algumas com acesso simples e boas para banho e rapel; outras permitem apenas a apreciação visual. Há ainda cerca de 40 lagoas e rios de tamanhos diversos nessa área de Serranópolis.
Pode-se aliar as visitas aos sítios arqueológicos a trilhas. Na reserva da Pousada das Araras, as trilhas permitem observar a biodiversidade de plantas (muitas medicinais) e animais nessa parte do cerrado. O programa pode incluir um banho na piscina natural, com peixes e plantas aquáticas, e o pôr-do-sol no paredão ou em uma rocha próxima às pinturas rupestres. Para quem dormir no local, um dos melhores horários para observar pássaros, como a arara, o papagaio, a curucaca e o gavião, é de manhã, pouco antes do nascer do sol.
Próxima ao local, a aldeia ecológica Guardiões do Cerrado oferece cursos, banhos especiais e terapias. (PAULO DANIEL FARAH)

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