Chegar à "Città Alta" é um choque: de repente, surgem ruas medievais

O sommelier do Fasano, Manoel Beato, conta visita recente à vinícola da região da Lombardia e fala dos espumantes

Gardel Bertrand/France Presse

Loja de alimentos em conserva e bebidas em Bérgamo, na região da Lombardia, famosa pela produção de vinhos; cidade é dividida em baixa e alta

DA ENVIADA A BÉRGAMO

Bérgamo tem uma máquina do tempo: um funicular que, desde 1887, liga a cidade baixa, mais moderna, à cidade alta, com suas ruas medievais rodeadas por uma muralha construída no século 16 pelos venezianos.
Ela leva os visitantes até a "Città Alta". Pequena, suas atrações podem ser percorridas em apenas uma tarde. No entanto, ela é tão encantadora e aconchegante que você vai querer passar muito mais tempo passeando por lá.
Aproveite para conhecer algumas delícias, como a pizzaria Damimmo (www.ristorantemimmo.com), que tem receitas sexagenárias e fica em uma charmosa casa que data de 1357.
E aproveite que Bérgamo fica na região da Lombardia, bastante conhecida por seus espumantes, para degustar grandes vinhos.
A seguir, o sommelier do Fasano, Manoel Beato, conta à Folha sobre a visita que fez a essa região da Itália, há duas semanas.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)

 

Folha - Você acabou de chegar da Itália. Como foi o seu roteiro pelo país?
Manoel Beato - Fui para comer e beber. A viagem foi assim: Vêneto e Toscana, mas passei um dia na Lombardia para visitar um produtor.

Folha - Como foi a programação na Lombardia? Visitei a vinícola Ca" del Bosco [www.cadelbosco.com], que tem no Brasil os vinhos importados pela Mistral. É a vinícola mais espetacularmente moderna que eu já conheci. Ela é cinematográfica. Tem um jardim rico, uma paisagem lindíssima, você caminha entre as árvores... E chega a um prédio muito moderno. Há cubas de aço inoxidável onde são fermentados os vinhos para fazer o espumante, todas desenhadas. Tem uns elevadores que levam os mostos de um andar para outro. Fui com uns empresários e a gente brincava que estava dentro de um filme de ficção científica. O forte deles, da região de Franciacorta, são os espumantes.

Os espumantes da Franciacorta se aproximam dos que são produzidos na região de Champagne?
Sim, é algo que realmente se aproxima em termos gustativos. Eles têm muita fineza. Os métodos são muito similares e o resultado de alguns é muito próximo. Produzem espumantes mais estruturados, ao contrário do prosecco, feito perto dali, na região do Vêneto.

O que comer acompanhado de um espumante?
A abertura pode ser com queijo parmesão ou grana padano. Peixes e frutos do mar vão muito bem. Massas com molho vermelho, de tomates, também. Acho que são belíssimas combinações.

Como definiria a produção vinícola da Lombardia?
A região da Lombardia também tem os seus vinhos tintos, apesar de não serem tão famosos. Mas o mais importante mesmo é o espumante. Como são vinhos mais encorpados em relação à onda do prosecco, eu os definiria como uma "potência borbulhante".