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ROLF BEELER MESTRE-QUEIJEIRO
Se tivesse de ir para uma ilha, levaria meu gruyère
TRABALHANDO COM O LATICÍNIO HÁ 35 ANOS EM ST. MORITZ, NA
SUÍÇA, ELE FALA DO DIFERENCIAL DA FABRICAÇÃO EM SEU PAÍS
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DA ENVIADA A ST. MORITZ
A viagem até St. Moritz, na
Suíça, foi feita a bordo do
Bernina Express, o trem panorâmico cujo trajeto acaba
de completar cem anos e é
considerado patrimônio da
humanidade pela Unesco.
A viagem é cenográfica. E
continua assim durante toda
a estadia em St. Moritz, conhecida como uma das estações de esqui mais famosas
da Europa. A cidade foi por
duas vezes sede dos Jogos
Olímpicos de Inverno (em
1928 e 1948), e é conhecida
por ter alguns dos melhores
restaurantes da Suíça.
Uma boa dica é jantar no
Mezdi (www.helfesrieder.ch), do chef Marcus Helfesrieder. Seja qual for o lugar escolhido para comer, se
puder, não deixe de degustar
os antológicos queijos suíços. A seguir, leia trechos da
entrevista exclusiva com o
mestre-queijeiro Rolf Beeler,
56, concedida à Folha.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
Folha - Como é a rotina de um
mestre-queijeiro?
Rolf Beeler Eu não faço
queijo, mas desenvolvo queijos com meus produtores.
Eles preparam o queijo para
mim, eu faço a maturação.
Por exemplo, o sbrinz, que é
o queijo mais velho da Suíça,
chegou com dois meses na
minha adega, e eu cuidei até
ele completar cinco anos. Depois disso, coloquei-o no
mercado, para vender em algumas lojas e restaurantes
de todo o mundo.
Quando sua paixão por queijo começou?
Eu trabalho com queijos
há 35 anos. Já quando eu era
pequeno, gostava mais de
queijo do que de carne. Eu ficava nas montanhas, observando as ovelhas e como eles
faziam para produzir o queijo
com aquele leite.
Que tipo de queijo você acha
que quem visita a Suíça não
pode deixar de provar?
Há tantos queijos incríveis. Meus favoritos são: meu
gruyère de 18 meses, meu
emmentaler de 18 meses e
meu sbrinz cinco anos, feito
durante o verão em uma
montanha de 2.000 metros.
Qual foi o melhor queijo que o
senhor já comeu na vida?
Se eu tivesse de ir para
uma ilha e pudesse levar somente um tipo de queijo comigo, eu levaria meu gruyère. Para mim, esse é o melhor
queijo do mundo.
Existe um vinho para acompanhar cada tipo de queijo?
Para todos os queijos da
Suíça você encontrará também um bom vinho suíço. O
queijo gruyère degustado
com vinho merlot de Ticino
[a parte italiana da Suíça],
por exemplo, é delicioso.
Indique um lugar onde é possível provar alguns dos melhores queijos do seu país.
Há um restaurante muito
famoso em Zurique, chamado Caduff's Wineloft
[www.wineloft.ch], onde
você pode provar 50 tipos de
queijos, todos do meu porão.
Qual é a principal diferença
entre o queijo suíço e o que é
feito no resto do mundo?
A Suíça é o único país onde
a maioria dos produtores faz
queijos com leite não pasteurizado [70% de toda a produção, enquanto na França esse número é de apenas 9% -
o resto é industrializado].
Queijos de leite não pasteurizado têm mais sabor e são
mais saudáveis. Se você quiser produzir queijo com leite
não pasteurizado, precisará
de uma produção pequena,
porque deve conhecer todo
fazendeiro, toda vaca. A qualidade será extradeliciosa. O
leite industrializado não tem
essa qualidade.
Você pode fazer um ranking
dos melhores países produtores de queijo do mundo?
Suíça, França, Espanha,
Itália, Portugal, Bélgica, Áustria e Países Baixos.
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