São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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A BOLA DA VEZ

Busca por animais na mata fechada pode ser demorada, porém contato com a vida selvagem impressiona

Safári exige paciência, mas compensa

DA ENVIADA ESPECIAL

O safári fotográfico no parque Hluhluwe-Umfolozi, em Kwazulu-Natal, tem um ritmo algo parecido com o de uma pescaria: é preciso ter certa paciência até avistar um animal no parque de 96 mil hectares e vegetação densa, mas, quando o momento da ação chega, a espera compensa.
Os safáris em veículos 4x4 duram três horas e têm início ao amanhecer e ao pôr-do-sol.
Na saída ao anoitecer, o primeiro animal a aparecer é uma das várias girafas do parque. Tímida, ela some entre as árvores assim que o veículo se aproxima. Após cerca de meia hora sem novidades, já na noite fechada, o guia do safári pára bruscamente o veículo após avistar sinais de elefantes nas proximidades.
Com uma espécie de holofote usado como lanterna, ele prova que estava certo: ao lado da estrada estão dois elefantes se alimentando. Um deles protagoniza o momento mais marcante do passeio: atrás de raízes, ele derruba uma grande árvore com a cabeça em minutos.
Após o show do elefante, mais calmaria. O frio incomoda -sim, é preciso levar roupas de inverno para o safári. Enquanto os passageiros tentam se esquentar, o guia ilumina um animal ao lado da estrada. É uma hiena, aparentemente descansando após uma lauta refeição. Com a barriga estufada, ela não se move com a aproximação dos visitantes, e só decide deixar o local após passar minutos sendo iluminada pelo holofote do guia e pelos flashes das câmeras.
O resto do safári revela silhuetas de girafas ao longe e búfalos pastando. Avistamos dois dos chamados "big five" (cinco grandes), os cinco animais mais procurados nos safáris: búfalo, leão, leopardo, elefante e rinoceronte.
O parque nacional Hluhluwe-Umlofozi é considerado o mais antigo da África do Sul, originado da criação de duas reservas em 1895, Hluhluwe e Umfolozi. Após a adição de uma faixa de terra entre as duas reservas em 1950, o parque foi consolidado em 1989.
O local é conhecido pela chamada "Operation Rhino" (operação rinoceronte), esforço de preservação do rinoceronte branco na década de 60 com a transferência de animais para outras reservas. Com isso, a população aumentou, e o rinoceronte branco foi removido da lista de espécies ameaçadas.
Além de rinocerontes brancos e pretos (este último hoje em dia na lista de espécies em perigo), o parque abriga uma grande variedade de animais: 80 espécies de mamíferos e mais de 300 tipos de pássaros ao todo.

Opções
Safáris fotográficos são um grande atrativo turístico da África do Sul, e a oferta corresponde à demanda. São diversas opções em parques nacionais e reservas privadas espalhadas por grande parte do país.
A escolha do local mais adequado depende da vocação do turista e do alcance de seu bolso: é possível ver de perto a vida selvagem ficando nos hotéis de luxo de reservas privadas como a Sabi Sabi e a MalaMala, ambas na região do parque Kruger, ou encarnar o espírito de aventura e se hospedar nos parques, onde há menos conforto, mas o preço é mais em conta.
Não espere muito luxo no Hilltop Camp, um dos centros de hospedagem do Hluhluwe-Umfolozi. Os chalés para duas pessoas são espaçosos, com varandas, mas a conservação deixa muito a desejar- no chalé visitado pela reportagem da Folha, um forte cheiro de mofo se misturava ao odor da palha do telhado, tornando o ambiente sufocante. Os dois chuveiros não tinham água quente.

Atrás dos felinos
No safári que começa com o nascer do sol, o guia avisa que tentará encontrar algum dos grandes felinos, já que nenhum foi avistado no passeio da noite anterior. Quem agita as máquinas fotográficas, no entanto, são novamente as girafas -desta vez mais curiosas e pacientes com os turistas- e uma manada de zebras-de-burchell pastando em um barranco.
Alguns quilômetros depois, o guia avista rinocerontes brancos, mas mantém o veículo em distância segura. Mais um dos esperados "big five". Mas o passeio termina e nada de leões ou leopardos - assim como na pescaria, sorte é um elemento importante também nos safáris fotográficos. (MARINA DELLA VALLE)

HLUHLUWE-IMFOLOZI
A 30 km da N2, KwaZulu-Natal. Tel. 00/xx/27/33/845-1000. Taxa de conservação: 80 rands (R$ 16,10, adulto) e 40 rands ( R$ 8,02, crianças de 3 a 12 anos). Hilltop Camp: chalés que acomodam duas e quatro pessoas (510 rands ou R$ 102,27 por pessoa por noite) e lodge que acomoda oito pessoas (550 rands ou R$ 110,30 por pessoa por cada noite)

www.kznwildlife.com


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